O CRP-RJ vem a público manifestar sua solidariedade aos familiares e companheiros(as) das vítimas da COVID-19 e defender medidas e políticas de enfrentamento da pandemia que sejam pautadas em evidência e na produção científica.
O momento atual da pandemia no mundo e, especialmente, no Brasil é de grande preocupação, demandando de todos os conselhos, entidades, movimentos e organizações da sociedade civil o esforço articulado em apoio às medidas de prevenção e combate à COVID-19.
Até o momento da elaboração desta nota, o Brasil apresenta mais de 265 mil mortes e de 11 milhões de casos confirmados, decorrentes da infecção pelo novo coronavírus. Destes, mais de 120 mil óbitos e 4 milhões de casos foram registrados no Sudeste. No que se refere especificamente ao estado do Rio de Janeiro, são mais de 33 mil mortes, com cerca de 600 mil casos, obtendo a marca de mais de 195 mortes por 100 mil habitantes – a maior taxa de mortalidade de todo o país! (Fonte: https://covid.saude.gov.br/)
Como é notório em todas as discussões relacionadas à pandemia, tal processo de espalhamento do vírus tem incidência nos dispositivos de atenção à saúde, em especial no que se refere aos leitos semi-intensivos e de UTI, que estão com alta taxa de ocupação, dificultando o acesso ao tratamento adequado, base do trabalho em saúde e princípio do SUS.
Esse quadro aponta para um cenário atual em que o país enfrenta a maior média móvel de mortes desde o início da pandemia, em março de 2020. Isso faz com que seja imprescindível o apoio a medidas que ocorram não de forma isolada, mas sim de forma coordenada. Torna-se necessário, assim, que o governo federal assuma efetivamente o protagonismo do planejamento e da coordenação de políticas de vacinação de modo amplo e responsável junto aos fornecedores mundiais de vacinas contra à Covid-19, através de contratos com prazos factíveis e reais e que utilizem a vasta experiência e excelência do Brasil em programas de vacinação. Que os representantes do povo no executivo e no legislativo não tratem com ironias e/ou descrédito a gravidade da pandemia, a eficácia das vacinas e a relevância das medidas de prevenção, tais como, protocolos de higienização, distanciamento físico entre outros, e que não percam de vista o compromisso do Estado com a garantia econômica dos mais atingidos pelas restrições de circulação e trabalho que são necessárias. Todo esse processo há de produzir um enfrentamento qualificado da pandemia, visando dirimir seus efeitos.
À respeito da política de vacinação, uma das mais importantes medidas para progressivamente neutralizar e/ou diminuir a letalidade do vírus, cabe ressaltar a importância de se respeitar o calendário de vacinação, que coloca em primeiro lugar os grupos mais suscetíveis a desenvolver um quadro mais grave, bem como os profissionais de saúde e de outras políticas públicas que são essenciais ao atendimento à população. Em função da escassa oferta de vacinas, torna-se importante, no caso da psicologia, a vacinação primeiramente dos profissionais que estão na ponta, diretamente envolvidos com a atuação em contexto de atendimento a pessoas com COVID-19 e, posteriormente, de outros grupos atendidos em dispositivos públicos de cuidado, além daquelas e daqueles psicólogos que estiverem na faixa etária prevista no calendário de vacinação.
Nós vivemos em um país marcado pela diversidade social, que teve com a pandemia o agravamento ainda mais severo das vulnerabilidades e desigualdades. A disseminação de notícias falsas e a desinformação em relação à pandemia têm sido uma constante, impondo inúmeras dificuldades e um cenário ainda mais grave ao conjunto da sociedade. Nesse sentido, o CRP-RJ vem reforçar o compromisso social da psicologia, manifestando apoio aos movimentos sociais e profissionais que, de maneira séria, realizam reflexões críticas da conjuntura atual. É imprescindível que a gestão pública, responsável por articular, subsidiar e fomentar os esforços de produção de conhecimento e de insumos tenha uma atuação responsável, com assento na realidade e fundamentação na ciência. É inadmissível o discurso displicente e a demora de ações mais efetivas por parte de algumas autoridades públicas, que parecem preocupar-se mais na disseminação do ódio e na manutenção da polarização social, do que com a política de Estado articulada, que visa o bem comum.