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Debate sobre a saúde mental da população negra reúne psicólogas (os) e estudantes em Nova Iguaçu


Data de Publicação: 9 de dezembro de 2019


WhatsApp Image 2019-12-09 at 14.42.07 (1)A 40ª edição do “Rodas e Encontros”, aconteceu na manhã do último dia 30 de novembro, na Subsede do CRP-RJ na Baixada Fluminense, e teve como temática a “Saúde Mental da População Negra”. Organizado pela Comissão Gestora do CRP-RJ na Baixada Fluminense, o evento foi iniciado pelos colaboradores da Comissão Gestora, os psicólogos Vanda Vasconcelos Moreira e Geilson Simões e a estudante Júlia Araújo.

A mediação ficou por conta de Uina Claudino de Almeida (CRP 05/55342), psicóloga, sócia e fundadora da Clínica de Psicologia e Desenvolvimento Humano “AcolherPsi” e membro do Coletivo Negro da Baixada Fluminense Conceição Chagas.

Jonathan Júlio Macedo de Paula (CRP 05/52743), psicólogo com formação em Terapia Cognitivo-Comportamental, pós-graduando em Psicologia Médica (FCM/UERJ), membro do Coletivo Conceição Chagas, iniciou o debate levantando dados do SUS relacionados à saúde da população negra e questionando o mito da “democracia racial” no Brasil, o qual, segundo o palestrante, produz o silenciamento das demandas da população negra brasileira.

“Cerca de 70% dos usuários do SUS são negros e pardos, isso é um dado de 2011. A Política Nacional de Saúde da População Negra nasce numa tentativa de ampliar, a partir dos princípios do SUS, o cuidado a essa população, levando em consideração que vivemos num país com estruturas bastante injustas. Isto é, levando em consideração que, historicamente, há um prejuízo social em relação à população negra”, problematizou.

Em seguida, Carolyne Batista Juvenil (CRP 05/46176), psicóloga, pesquisadora do Laboratório de Pesquisa Integrada do Estresse (LINPES/IPUB/UFRJ) e sobre temas relacionados a trauma, estresse e saúde mental da população negra, ratificou a importância do trabalho da Psicologia Clínica junto a essa população.

WhatsApp Image 2019-12-09 at 14.42.06 (2)“Quando falamos de racismo, a maioria dos psicólogos clínicos entendem como ‘eventos de racismo’, ou seja, eventos raciais individuais. Só que não estamos falando disso, estamos falando de um estressor crônico. Por isso, preciso instrumentalizar o meu paciente para entender a melhor forma possível para desenvolver quais são as estratégias que ele vai usar para lidar com aquilo em outros momentos, porque não vai parar, não vai acabar”, acentuou.

Fechando a mesa, Pierre Monteiro Lessa (CRP 05/46007), psicólogo, colaborador do CRP-RJ e coordenador da pasta de Educação Empreendedora na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado, sustentou uma luta pela resistência da saúde mental população negra de forma ampla, criticando a individualização do racismo.

“Aceitar esse lugar do individualismo já é aceitar começar essa luta perdendo, pois não tem como pensar racismo sem pensar classe, pois classe e etnia no Brasil se encontram. Em Campos [dos Goytacazes], por exemplo: a [renda] per capita do branco é de R$10mil, a do negro é de um salário mínimo. A diferença é violenta, é pesada. Se temos o racismo estrutural, estruturando a sociedade, precisamos nos questionar quem está doente. De alguma maneira, aquele sujeito negro que está enlouquecendo ou cometendo suicídio, ele está tentando resistir”, declarou.



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