Rio das Ostras, na Região dos Lagos, recebeu, no dia 25 de fevereiro, o último Pré-Congresso Regional de Psicologia. Entre dezembro de 2018 e fevereiro deste ano, o CRP-RJ promoveu 26 eventos em municípios de todas as regiões do estado no intuito de mobilizar a categoria para participar do 10º Congresso Regional da Psicologia (COREP), que acontecerá entre 5 e 7 de abril.
O Pré-Congresso de Rio das Ostras aconteceu na Universidade Federal Fluminense e foi aberto pela conselheira do CRP-RJ e integrante da Comissão Organizadora do 10º COREP Mônica Valéria Affonso Sampaio (CRP 05/44523).
Em seguida, teve início uma mesa temática sobre “Alienação Parental: Interseções entre a Judicialização e a Medicalização”, com participação da psicóloga Analícia Martins de Souza (CRP 05/31168), especialista em Psicologia Jurídica, doutora em Psicologia Social e colaboradora do CRP-RJ na Comissão de Orientação e Ética.

Analícia Martins na mesa de abertura
Analícia Martins deu início ao debate explicando o que é Alienação Parental e ressaltando que o tema tem sido abordado de forma “simplista”, pautado por uma “ótica punitivista e medicalizante”. A psicóloga também problematizou o fato de a Alienação Parental ser considerada um transtorno mental, apesar de que, conforme alertou, “até hoje essa síndrome não possui reconhecimento científico, assim como não consta nos manuais psiquiátricos”.
“A síndrome da alienação parental, definida na década de 1980 nos Estados Unidos como distúrbio infantil pelo psiquiatra Richard Gardner, seria provocada por um dos genitores que, em disputa litigiosa com o outro, faria uma espécie de ‘lavagem cerebral’ na criança no sentido de fazer com que ela rejeite o outro genitor de forma exacerbada”, afirmou.
“É possível perceber, na teoria de Gardner, a associação entre o discurso da Psiquiatria e o Sistema Judiciário. Relembrando o pensador francês Michel Foucault, em ‘Vigiar e Punir’, percebemos uma reatualização desse consórcio histórico entre o saber psiquiátrico e a Justiça”, analisou a palestrante. “Um dos aspectos desprezados pela teoria de Gardner foram as pesquisas feitas até então sobre separação conjugal e guarda de filhos”, pontuou ela.
“Eu sustento que, até hoje, não há comprovação científica para a teoria de Gardner. Além disso, o que demonstram as pesquisas é que, desde a aprovação da Lei da Alienação Parental no Brasil, em 2010, o que temos produzido é, na verdade, um incremento do litígio conjugal”, finalizou a psicóloga.
Após o debate, teve início o Pré-Congresso com a instalação da mesa diretora, a leitura e aprovação do Regimento Interno do evento. Na sequência, foram eleitas (os) três delegadas (os) para o COREP, além de um delegado estudante e outro suplente. Por fim, foram votadas as propostas. Ao todo, foram apresentadas dez propostas, nove delas aprovadas com modificações e uma aprovada na íntegra.

Delegação eleita em Rio das Ostras