É com grande satisfação que a Psicologia brasileira celebra hoje o dia 29 de janeiro, Dia da Visibilidade Trans. Há exatamente um ano, o Sistema Conselhos de Psicologia assinava a Resolução CFP 001-2018, que antes mesmo da Organização Mundial de Saúde, estabeleceu aqui no Brasil que as expressões de identidade de gênero de travestis, mulheres transexuais, homens trans e outras pessoas trans não constituem patologia e precisam ser respeitadas e reconhecidas.
Com essa atitude, o CFP e os Conselhos Regionais de Psicologia deram uma importante contribuição para a conquista da dignidade das pessoas trans, bem como para a prevenção e erradicação de todas as formas de transfobia e discriminação contra essa população. Destacamos aqui o artigo 8º da resolução, que diz: “É vedado às psicólogas e aos psicólogos, na sua prática profissional, propor, realizar ou colaborar, sob uma perspectiva patologizante, com eventos ou serviços privados, públicos, institucionais, comunitários ou promocionais que visem a terapias de conversão, reversão, readequação ou reorientação de identidade de gênero das pessoas transexuais e travestis.” (grifamos).
Além da criação da Resolução 001-2018, outras duas grandes vitórias merecem também ser celebradas hoje. Uma delas – ocorrida em 28 de fevereiro e 1º. de março de 2018 – foi a conquista do direito de registro do Nome Social nos cartórios brasileiros, sem a necessidade de judicialização do processo ou submissão a laudos psicológicos e psiquiátricos. E a segunda – ocorrida no dia 18 de junho de 2018 – foi a retirada da transexualidade e travestilidade da nova versão da lista de doenças mentais (CID 11) pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Essas três medidas fazem do ano de 2018 um marco histórico para as pessoas travestis e transexuais brasileiras que lutam pela sobrevivência e pela conquista de direitos.
Para concluir, lembramos também, e com grande pesar, do falecimento do nosso querido psicólogo e escritor João W. Nery, no dia 26 de outubro de 2018. Um homem trans que lutou durante toda a sua trajetória de vida pelos direitos e pela dignidade das pessoas trans. Em uma de suas últimas mensagens nas redes sociais, ele nos convida à luta e à resistência em tempos de intolerância e retrocesso: “Continuem a nossa luta por nossos direitos, se unam, não oprimam os nossos irmãos oprimidos já por tanta transfobia e sofrimento. (…) Vamos nos respeitar, nos unir, nos fortalecer (…). Façam grupos, ampliem a rede, se orgulhem de ser trans. Faremos um novo mundo! Mais humano, sem machismo, preconceito ou misoginia. (…) Beijos no coração de todos e não se acovardem. Ser o que somos não tem preço, viver uma mentira nos enlouquece“. João W. Nery (1950 – 2018)”.
Na luta contra a LGBTfobia!
Não há cura para aquilo que não é doença!
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