
Conselheira-presidente do CRP-RJ, Diva Conde, dá início ao evento
“Em defesa do SUS e da Reforma Psiquiátrica: Bauru 30 anos de luta por uma sociedade sem manicômios” foi o tema da roda de conversa promovida pela Comissão de Psicologia e Saúde do CRP-RJ no dia 24 de novembro. O encontro, aberto à participação de psicólogas (os), estudantes, usuárias(os) da Saúde Mental, familiares e militantes, aconteceu na sede do CRP-RJ com o objetivo de debater propostas e realizar preparativos para o Encontro “Bauru 30 anos de Luta por uma Sociedade sem Manicômios”, que acontecerá em 8 e 9 de dezembro em Bauru (SP).
A conselheira-presidente do CRP-RJ, Diva Lúcia Gautério Conde (CRP 05/1448), deu início ao evento destacando que a roda de conversa marca “a posição do CRP-RJ em defesa do Sistema Único de Saúde, das políticas de Saúde Mental e da Reforma Psiquiátrica”.
Participaram do debate Eduardo Mourão Vasconcelos, integrante do “Coletivo Pró-Frente: Em Defesa do SUS e da Reforma Psiquiátrica do Rio de Janeiro”, Pedro Cavalcanti da Silva, integrante do Núcleo Estadual da Luta Antimanicomial, e Therezinha Vivas Oliveira, do Sindicato dos Psicólogos do Estado do Rio de Janeiro. A mediação ficou a cargo de Rita Louzada, conselheira-coordenadora da Comissão de Psicologia e Saúde do CRP-RJ.
Iniciando a roda de conversa, Eduardo Mourão fez um breve contextualização histórica da Reforma Psiquiátrica e da importância do Encontro de Bauru, em 1987. “O Encontro de Bauru foi uma marca extremamente importante porque, a partir dele, nós mudamos a estratégia na luta pela Reforma Psiquiátrica brasileira”, contou.
“Até aquele momento, tínhamos uma estratégia de luta de cunho ‘preventivista’: tentando controlar a entrada de hospitais psiquiátricos e colocar equipes de Saúde Mental na rede. A partir de Bauru, o movimento foi de fechar os hospitais psiquiátricos de forma gradual, com muita responsabilidade, e, ao mesmo tempo, contribuindo dentro da nova estrutura do SUS que estava sendo gerada e montando o serviço de Atenção Psicossocial dentro da comunidade”, afirmou.
Para o psicólogo, celebrar os 30 anos do Encontro de Bauru é muito importante para o momento atual, “quando a política de Saúde Mental vigente está querendo retomar os hospitais psiquiátricos”.
“Precisamos retomar o espírito de Bauru e celebrar esses 30 anos de luta, retomar o grito de ordem de uma sociedade sem manicômios, pensar estratégias de resistência e enfrentamento e segurar a Reforma Psiquiátrica à unha!”, defendeu Eduardo Mourão.

Da esq. para dir.: Eduardo Mourão, Rita Louzada, Therezinha Oliveira e Pedro Cavalcanti
Pedro Cavalcanti ponderou que o Brasil “está vivenciando o avanço da direita, do conservadorismo e do neoliberalismo”, o que, segundo ele, se traduz num “momento muito difícil em toda a rede de Saúde, de precarização e fechamento de diversos serviços”.
Ele defendeu “que haja um debate mais amplo com toda a sociedade contra todas as formas de manicômios, incluindo os manicômios que estão em nós”.
“Trabalhar na Saúde, em especial na Saúde Mental, é militar, senão você não mantém o SUS, você não mantem o que foi conquistado”, acrescentou. “É preciso politizar os serviços e contaminar a população sobre a importância de defesa do SUS”.
Encerrando o debate, Therezinha Oliveira apontou a importância histórica da greve das (os) trabalhadoras (es) da rede municipal de Saúde e Saúde Mental do Rio de Janeiro, incluindo as (os) psicólogas (os), deflagrada no começo de novembro contra cortes no orçamento municipal para a área, fechamento de serviços e atrasos no pagamento de salários.
Conforme avaliou, “estamos surpresos pro ter conseguido tão grande número de adesão a essa luta, E são os jovens que estão mais engajados, politizados, dando maior visibilidade à essa mobilização”.
“Estamos num momento desfavorável para a Reforma Psiquiátrica. Precisamos celebrar as vitórias que conseguimos até aqui, mas temos que lutar contra a recente perda de direitos sociais e trabalhistas”, declarou. “A resistência é possível, e é importante que os usuários percebam que essa luta é deles também”.