Diariamente, um número alarmante de mulheres, jovens e meninas é vítima das mais diversas formas de violência. Assédio, estupro, tortura física e/ou psicológica, agressões de parceiros ou familiares, exploração sexual e desigualdade salarial em relação a homens que desempenham as mesmas funções laborais são algumas situações que ilustram o quanto a violência de gênero está presente no cotidiano da sociedade brasileira.
Dados da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) mostram que, de 2015 para 2016, houve um aumento preocupante do número de casos relatados de violência contra a mulher. De acordo com a Central de Atendimento à Mulher – o Ligue 180 –, foi registrado em 2016 um número de relatos de violência contra a mulher 51% superior ao ano anterior. Ainda nesse período, foi registrado um crescimento de 133% nos relatos de violência doméstica e familiar.
Também nesse período, foi registrado um aumento assombroso de 147% nos casos relatados de violência sexual, o que significa dizer que, em média, acontecem 13 registros de estupro por dia em nosso país.
O Brasil é um dos campeões mundiais em feminicídio, isto é, assassinato de mulheres devido ao fato de serem mulheres. São quase cinco homicídios para cada 100 mil habitantes. E são as mulheres negras que estão morrendo mais. De acordo com o Atlas da Violência de 2017, a taxa de feminicídio entre as brancas, indígenas e/ou amarelas caiu 7,4%, enquanto que a mortalidade de negras registrou um aumento de 22%.
Não podemos esquecer que esses dados fazem parte das engrenagens de um sociedade machista que histórica e culturalmente naturaliza as ocorrências de violência, em especial de violência contra a mulher. Por isso, a Psicologia brasileira, exercida majoritariamente por mulheres (que correspondem a mais de 90% dos profissionais), não pode ficar de fora dessa importante mobilização pelo fim da cultura da violência.
Nesse sentido, não se pode negar que a PEC 181, em tramitação no Congresso Nacional, ao propor a criminalização do aborto mesmo em casos de estupro, representa uma grave violação à autonomia feminina sobre seu próprio corpo e também uma revitimização dessa mulher já violentada sexual e psicologicamente.
Portanto, nesse dia 25 de novembro, Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher, o CRP-RJ convoca todas (os) as (os) psicólogas (os) do estado do Rio de Janeiro a mobilizarem-se no fortalecimento dessa luta pelo fim da cultura da violência e do silenciamento contra as mulheres brasileiras!