O CRP-RJ, por meio da sua Subsede no Norte-Noroeste Fluminense, realizou, em 2 de agosto, no auditório da Universidade Estácio de Sá de Campos dos Goytacazes, o encontro “Psicologia Clínica: diferentes abordagens e o compromisso social”. O evento, que deu início à agenda comemorativa do CRP-RJ na região pelo Dia da (o) Psicóloga (o), abordou a prática clínica, a produção de conhecimentos na área e as responsabilidades éticas da (o) psicóloga (o). O debate foi composto por profissionais de diferentes abordagens.
A psicanalista Valesca do Rosário Campista (CRP 05/12876), doutora em Psicanálise pela UERJ, professora da Universidade Estácio de Sá e psicóloga do Hospital Ferreira Machado, abordou os fundamentos da Psicanálise frente ao contexto político nacional e internacional, de predominante violência, guerras e terrorismo. Destacou os textos freudianos “Reflexões Sobre a Guerra e a Morte” (1915) e o “Mal-Estar na Cultura” (1929-30), desenvolvidos posteriormente por Jacques Lacan, onde se afirmam, como saídas possíveis à destruição, o amor e o desejo, oferecendo o processo psicanalítico a possibilidade de construção de novos caminhos.
Crisóstomo Lima do Nascimento (CRP 05/28878), psicólogo existencial humanista, coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicologia, Fenomenologia e Existencialismo da UFF e vice-diretor da UFF de Campos, tratou da prática clínica pela abordagem existencial, humanista e fenomenológica. O professor destacou o quanto é comum encontrar profissionais que não compreendem o conhecimento a respeito das vertentes humanistas, do existencialismo e fenomenologia. Para o professor, a (o) psicóloga (o) precisa, em sua atuação, desconstruir os saberes estabelecidos historicamente como verdades para que, assim, evitem lançar mão de teorias genéricas que encaixam o sujeito em estereótipos pré-definidos.
Maria de Fátima Leite Ferreira (CRP-05/18672), terapeuta familiar sistêmica, mestre em Sexualidade Humana, especialista em Terapia Familiar e Conjugal e professora dos Institutos Superiores de Ensino do CENSA (ISECENSA), apresentou o histórico de surgimento deste campo. Segundo ela, a partir dos anos de 1950, um grupo de psiquiatras de uma instituição responsável pelo trabalho com pacientes em sofrimento mental se reuniu com o intuito de inserir as famílias em seus atendimentos. Até então, o foco estava sobre o indivíduo e sua patologia. Desta conjuntura, se desenvolveu a teoria da Etiologia da Esquizofrenia, que considera, além de fatores genéticos, os aspectos do ambiente familiar que podem produzir o adoecimento psíquico. Outra característica identificada por este grupo foi a semelhança entre a linguagem utilizada pela família e a dos pacientes. Nesta direção, a professora destacou que a teoria sistêmica não restringe à terapia de casal ou de família, mas que considera a pessoa inserida em diferentes contextos que se inter-relacionam.
Patrick Wagner de Azevedo (CRP-05/34780), psicólogo junguiano, mestre em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e professor de Psicologia e Filosofia no ISECENSA, abordou a Psicologia analítica de Jung. O professor também criticou o termo “ciênciapresente na revista do CFP “Psicologia Ciência e Profissão”, quando, segundo ele, se constata o aumento de práticas psicológicas influenciadas pelo modelo de ciência positivista que se pauta em manuais de procedimentos que transformam a possibilidade de criação, produção da singularidade e desistigmatização da diversidade em práticas tecnicistas de idealização de sujeito e de cura para os seus mal-estares. Abordou também a importância da Psicologia e seu caráter político, de compromisso com a transformação social, tendo em qualquer iniciativa ou decisão o atravessamento da ética.
Christiana Mitsi Laterça (CRP 05/30281), terapeuta cognitivo-comportamental, supervisora clínica e apresentadora do programa Coaching Time/Plena TV, abordou a integração deste campo de conhecimento às pautas sociais. Segundo ela, à medida que o sujeito se abre para as experiências que o cercam, têm a terapia como ferramenta para o seu desenvolvimento. A psicóloga também falou da necessidade de superar o mito sobre o mecanicismo nas propostas terapêuticas da Terapia Cognitivo-Comportamental.