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O inconsciente é tema da 2ª mesa de debates da 11ª Mostra


Data de Publicação: 27 de julho de 2017


A mesa de debates “Visões do Inconsciente” encerrou as atividades do 2º dia da 11ª Mostra Regional de Práticas em Psicologia. Sob mediação do conselheiro do CRP-RJ Roberto Stern (CRP 05/1700), a mesa contou com falas de Leonardo Miranda, mestre em Pesquisa e Clínica em Psicanálise e professor do CAP UERJ, Adna Rabelo (CRP 05/48233), psicóloga, mestre em Psicologia e doutora em Educação, e Elizabeth Medeiros Pacheco (CRP 05/9169), doutora em Psicologia Clínica pela USP e professora da UFF de Campos dos Goytacazes.

Leonardo foi o primeiro palestrante da mesa, abordando a conceituação do “inconsciente” segundo a teoria psicanalítica. “O inconsciente é o conceito fundamental da Psicanálise, o conceito que atravessa toda a pesquisa e o desenvolvimento teórico de Freud”, afirmou.

Segundo o psicanalista, no artigo de 1915 “O inconsciente”, Freud questiona o reducionismo de pensar a vida mental, o movimento e desenvolvimento psíquico somente a partir do consciente. Porém, Leonardo advertiu que “o inconsciente não é um lugar substancial em nosso corpo, mas sim uma estrutura de funcionamento psíquico”.

“Freud propôs algumas diferenças entre o consciente e o inconsciente. Segundo ele, no inconsciente não existe negação, contradição nem temporalidade. O inconsciente é movido pelo princípio do prazer”, explicou.

“Lacan faz uma releitura do inconsciente freudiano a partir do estruturalismo e da linguística. Ele diz que o inconsciente é estruturado como uma linguagem. Para ele, o inconsciente está presente não no discurso, mas na falha do discurso”, afirmou o professor do CAP UERJ.

mostraAdna, por sua vez, falou sobre a perspectiva teórica da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Conforme explicou, a TCC surge no final da década de 1960, sendo seu maior expoente Aaron Beck. “Sua primeira formação foi em Psicanálise e ele fez uma série de estudos com pacientes deprimidos. Inicialmente, ele buscava entender a depressão por meio da Psicanálise”, afirmou.

“Ele percebeu que esses pacientes tinham em comum pensamentos negativistas e pessimistas. Então, começou a observar que talvez houvesse um aspecto ligado à cognição e, se houvesse alguma alteração cognitiva, seria possível promover uma mudança com relação à depressão. A partir daí, ele começa a fazer novas proposições”, contextualizou Adna.

“Quando falamos em TCC falamos em mais de 20 terapias agrupadas, mas todas elas têm um elemento em comum: a importância da relação da cognição com a emoção e o comportamento”, pontuou a psicóloga que, em seguida, falou sobre os principais conceitos trabalhados dentro dessa abordagem clínica.

Segundo ela, “uma das metas da TCC é trabalhar a prevenção da recaída do quadro depressivo. À medida que a terapia vai avançando e chegando em suas sessões finais, vamos trabalhando as questões ligadas à psicoeducação, ou seja, explicar para o paciente quais são as suas vulnerabilidades”.

“Eu queria começar afetando as pessoas de certo estranhamento que facilita o entendimento da noção do inconsciente, cujo estatuto é justamente a estranheza de suas operações”, declarou Elizabeth, última palestrante da mesa, dando início à sua fala.

“O inconsciente nos faz pensar de inúmeras maneiras os modos de dizê-lo, jamais capturá-lo. Então, nós vamos sempre estar acessando modos de como ele nos faz dizer dele sem sermos explicativos, taxativos e totalizantes. O inconsciente nos escapa porque ele não quer se organizar, ele não pode se organizar, ele é justamente um poder do não estratificado sobre o estratificado”, ponderou.

Em seguida, a psicóloga apresentou três cenas extraídas de filmes para afetar o público no sentido de fomentar a reflexão sobre o inconsciente e suas manifestações. Elizabeth, então, explicou que o inconsciente “é uma dimensão que está sempre em intensa atividade de fazer acontecer. Algo cujo processamento não pode chegar à ordem do saber nem do não saber”.

Ainda segundo ela, essa “usina maquínica de produção que é o inconsciente se dá no plano do inumano. Não é inumano porque é oposto ao humano. Não. É inumano porque são forças que, em nós, nada dizem do humano”. Conforme ressaltou, o inconsciente apresenta “velocidades de composição, de pensamento, de conectividade tais que escapam a qualquer lógica. Ou você flui com essa conectividade e produz a partir dela ou você fica barrado na expressão, o que é fonte de grandes depressões”.

O vídeo completo dessa mesa pode ser visto em nosso canal do Youtube clicando aqui. 

 



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