A mesa de debate “Ética Profissional e Laicidade na Saúde” fez parte do conjunto de atividades relacionadas ao projeto de extensão “Sexualidade, Gênero e Diversidade na Juventude”. Esse projeto surgiu a partir das demandas de estudantes do CEFET-RJ da Unidade Maracanã com o objetivo de dialogar questões relacionadas à sexualidade juvenil nas suas dimensões biológicas, psicológicas e sociológicas, contribuindo, desta forma, para se desfazerem discursos que somente reproduzem informações fragmentadas e reforçam estereótipos e estigmas.
É importante lembrar que no cenário atual, no mundo e no Brasil, temos visto um intenso debate em torno de aspectos da sexualidade e questões de gênero, como por exemplo, a reivindicação pela descriminalização do aborto, a luta pela igualdade de direitos entre os gêneros, a violência sexual e de gênero e as reivindicações de grupos LGBT por políticas públicas que os contemple.
Assim, idealizou-se esta atividade em parceria com o Observatório da Laicidade na Educação – OLÉ. Os objetivos desta mesa de debate, que aconteceu no dia 26 de maio, no Rio de Janeiro, foi discutir sobre as implicações das crenças religiosas na ética de profissionais da área da saúde nos atendimentos, através da discriminação, a diversos setores de nossa sociedade bem como refletir sobre a relação entre laicidade e este campo da ética como especialmente importante para atendimentos humanizados, garantindo o previsto em lei, e sem qualquer discriminação.
Sob a mediação de Cristiana Valença (CEFET-RJ e OLÉ), os debatedores expuseram e discutiram a respeito das implicações e influências das crenças religiosas na ética dos profissionais da área da saúde e as relações dessa ética com a Laicidade do Estado, inclusive, no caso do Rio de Janeiro, com o caso da Lei Estadual 6998/15, que assegura objeção de consciência por parte de servidores, que está fazendo dois anos agora em maio.
José Henrique Lobato Vianna (CRP 05/18767), psicólogo e conselheiro do CRP-RJ, falou sobre ética profissional e religiosidade. Danieli Balbi, professora do SEEDUC e diretora de equidades da UMA-LGVT, forneceu um amplo panorama da relação entre sociedades e violências simbólicas, enfocando a violência de gênero no Ocidente, especialmente na Modernidade e no caso brasileiro. Por fim, a ativista Lana de Holanda, assistente social e membro da equipe da vereadora Mariele Franco, discutiu sua experiência como paciente no atendimento na área da saúde durante seu processo de transição e esclareceu a relação entre signos, significados e significantes e a dimensão simbólica da vida social e das interações, em que pessoas acabam sendo identificadas por determinadas características, rotuladas e submetidas a preconceitos e discriminações.
Amanda de Mendonça, coordenadora do OLÉ, ainda apresentou, ao longo do debate, a importância da Laicidade na Educação e na esfera pública, sendo seguida de diversas questões trazidas no debate pelo público presente.