No dia 6 de dezembro, o CRP-RJ promoveu a última edição de 2016 do Cine Psi Baixada. O evento ocorreu no auditório da Cruz Vermelha de Nova Iguaçu e contou com estudantes e profissionais para debater a temática “Esperança em tempos de lutas: Por uma Psicologia com Compromisso Social nas Políticas Públicas e Direitos Humanos”.
Por ser o último evento do ano, foi feita uma breve retrospectiva dos eventos anteriores promovidos pelo CRP-RJ na Baixada. Por isso, a mesa de abertura do evento foi composta por representantes de algumas das instituições parcerias nas atividades desenvolvidas pelo CRP-RJ na região da Baixada.
Suely Martins da Silva (CRP 05/27320), representante do Sindicato dos Psicólogos do Estado do Rio de Janeiro (SINDPSI-RJ), falou brevemente sobre o trabalho desenvolvido pelo SINDPSI na região em parceria com o CRP-RJ.

Mesa de abertura do 51º Cine Psi Baixada
“O trabalho é árduo, com inúmeras violações trabalhistas e éticas e estamos tendo muitas dificuldades na Baixada para garantir nossos direitos. Em Nova Iguaçu, os servidores estão em greve. Em São João de Meriti, Mesquita, Belford Roxo e Caxias a situação está caótica, sem pagamento há mais de três meses. De modo geral, os servidores públicos das Prefeituras na Baixada estão com seus salários atrasados e os serviços muito precarizados. A tensão está muito grande”, afirmou.
Soneide de Sales Lima (CRP 05/21395), representante dos servidores de Nova Iguaçu no movimento Ocupa Nova Iguaçu, criticou o aumento de 80% no salário dos vereadores de Nova Iguaçu enquanto o salário dos servidores está atrasado. “O movimento Ocupa Nova Iguaçu foi criado para lutar por nossos direitos”, destacou.
Natacha Barbosa, graduanda do 4º período do curso de Pedagogia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e representante dos estudantes no movimento de Ocupação da UFRRJ de Nova Iguaçu, defendeu o movimento de ocupação das escolas e universidades públicas. “A Rural está ocupada pelos estudantes há mais de um mês. As reivindicações são por segurança, transporte, melhores condições de estudo e contra a PEC 55”, afirmou.
Francisco Bressy (CRP 05/41712), também representante do SINDPSI-RJ e um dos fundadores do Movimento Unificado dos Servidores Públicos de Nova Iguaçu, disse que o propósito do movimento é unificar todas as lutas dos servidores e, principalmente, lutar pelo recebimento dos salários atrasados e resistir à precarização das condições de trabalho.
A coordenadora da Comissão Gestora do CRP-RJ na Baixada, Mônica Valéria Affonso Sampaio (CRP 05/44523), encerrou a mesa de abertura enfatizando a importância da parceria entre o CRP-RJ e as demais instituições nas ações em prol da Psicologia e da garantia de direitos para a (o) psicóloga (o) e a sociedade em geral. “Quem luta está sujeito à morte, quem não luta, já está morto. Que a gente possa continuar lutando pelos nossos direitos”, defendeu.
Exibição do filme e início do debate

Vanda, Mônica e Celso compõem mesa de debates do evento
Após o encerramento da mesa de abertura, foi exibido o documentário “O homem que plantava árvores” (2014), baseado no conto do francês Jean Giono, de 1953, e dirigido por Frédéric Back. O filme conta a história de Elzeard Bouffier, um pastor de ovelhas que durante anos cultivou uma floresta esplendorosa numa área desértica da França.
A seguir, teve início o debate, instigado pela psicóloga social e clínica Vanda Vasconcelos Moreira (CRP 05/6065) e pelo psicólogo Celso de Moraes Vergne (CRP 05/27753), doutor em Psicologia Clínica e assessor da Secretaria de Estado e Saúde, além da coordenadora da Comissão Gestora, Mônica Affonso.
“O filme retrata a história de um pastor que cultivou árvores num local onde ninguém acredita que nasceria uma floresta. Ele foi escolhido pois dialoga com o momento e a situação que a Baixada e o Rio se encontram: todos lutando pelos seus direitos, que são violados diariamente”, afirmou Celso.
O psicólogo destacou ainda que o filme é uma reflexão sobre “o mundo que queremos para as próximas gerações”, pois remete à “possibilidade de sonhar para além do deserto em que vivemos”. Segundo ele, “precisamos reaprender a sonhar pela tensão que vivemos no momento. A semente demora a crescer, mas se não plantarmos agora, daqui a 10, 20 ou 30 anos continuaremos no deserto”.
“O compromisso social da Psicologia é muito caro para nós”, destacou Vanda, dando início à sua fala. Em seguida, a psicóloga lembrou a importância do 9° Congresso Nacional de Psicologia (CNP), que aconteceu entre 16 e 19 de junho em Brasília, onde foram discutidas e aprovadas, pela categoria, propostas a serem implementadas pelo sistema Conselhos de Psicologia até 2019.
“Algumas dessas propostas falam da importância da relação da Psicologia com os Movimentos Sociais, com as políticas públicas e a defesa dos Direitos Humanos, além da necessidade de interiorização e regionalização dos debates da Psicologia pelos estados brasileiros”, disse Vanda.