A primeira atividade do XI Seminário Regional de Psicologia e Direitos Humanos foi a aguardada conferência de abertura da assistente social e integrante da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) / Organização Mundial da Saúde (OMS) Maria Inês Barbosa.
Iniciando sua fala, Maria Inês registrou uma homenagem a Luiza Bairros, que faleceu no início de julho desse ano. Luiza era ativista, militante e, de 2011 a 2014, foi ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Brasil.
Em seguida, explicou que o propósito da sua fala era “propor um diálogo e uma reflexão sobre nós e sobre o outro para que naveguemos juntos nessa grande trajetória que é ser humano”.
Maria Inês fez uma breve avaliação sobre como a Psicologia e seus profissionais vêm debatendo e tratando a temática da defesa dos Direitos Humanos na atualidade. Segundo ela, “a profissão teve um avanço muito grande nesse debate, mas ainda há montanhas a serem escaladas para que continuemos avançando”.
Abordando mais especificamente a questão do preconceito e da discriminação racial, a integrante da OPAS apontou que o racismo se manifesta de duas formas. A primeira delas se dá nas relações interpessoais, onde, geralmente, o racismo é mais evidente. A segunda manifestação – menos evidente, mas igualmente presente – é o chamado Racismo Institucional, que acontece quando as instituições, públicas ou privadas, fracassam em atuar de forma equânime com os cidadãos em função da sua cor, origem, local de residência e/ou condição socioeconômica.
Maria Inês mencionou a situação das políticas públicas de atenção à saúde da população negra, destacando o elevado índice de mortalidade entre as mães negras, devido, a precariedade do pré-natal oferecido e, até mesmo, a menor dosagem na anestesia muitas vezes aplicada às mães negras com a justificativa de que “as mulheres negras são mais resistentes à dor”.
Destacou também a importância do papel das (os) psicólogas (os) no acolhimento à população vítima de racismo e de violência de Estado, afirmando, porém, que a inserção da Psicologia nesse campo de atuação ainda é muito tímida. Conforme acentuou, “as questões que envolvem o racismo têm a ver com o campo da Saúde Mental, que é onde a Psicologia atua”.