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1ª mesa do XI Seminário debate Racismo, Sexismo e Laicidade


Data de Publicação: 12 de agosto de 2016


A programação do XI Seminário Regional de Psicologia e Direitos Humanos continuou agitada na manhã do dia 29 de julho com a mesa de debates “Discriminações e Sofrimento Psíquico: Racismo, Sexismo e Laicidade”.

Mediada pelo conselheiro do CRP-RJ José Henrique Lobato Viana (CRP 05/18767), a mesa teve como palestrantes Lia Vainer, doutora em Psicologia Social pela USP, Luciane de Oliveira Rocha, doutora em Antropologia Social pela Universidade do Texas (EUA), e o Pastor Mozart Noronha, teólogo pós-graduado na Faculdade de Teologia da Universidade de Genebra (Suíça).

“Racismo e Branquitude” foi o tema da fala de Lia, que deu início à mesa questionando: “Qual é o lugar do branco nas relações raciais brasileiras?”. Em seguida, ela fez referência à fala de Maria Inês Barbosa, durante a conferência de abertura do evento.

“A fala da Maria Inês diz muito sobre quais são os efeitos do racismo na população negra e qual a herança e o legado da escravidão e do racismo nos dias de hoje na população negra. Agora, vamos pensar ao contrário: quais são os efeitos e a herança do racismo na população branca brasileira?foto_05

Lia também falou sobre como a raça é carregada pelo sujeito como uma forma de classificação social, não de pertença cultural. “Raça é uma categoria que produz subjetividade, que marca o sujeito desde o nascimento até sua morte. Ela diferencia, localiza e hierarquiza os sujeitos de uma sociedade, produzindo desigualdade e assegurando aos brancos a ocupação mais alta nas hierarquias sociais”, disse.

Sexismo e feminismo negro foram os temas da palestra de Luciane. Segundo ela, “o sexismo contra a mulher negra nunca acontece sozinho, pois vem sempre junto ao racismo, à pobreza, à homofobia (caso a mulher seja gay), à discriminação religiosa e a vários tipos de descriminação que produzem violência”.

Luciane apontou a discriminação sofrida pela presidente da República afastada, Dilma Rousseff, durante o processo anterior a seu afastamento. “Aquela plaquinha dizendo ‘Tchau, querida’, que os deputados carregavam, foi uma imagem muito forte de como uma mulher naquele espaço de poder incomoda o homem. O sexismo pode ser expresso de duas maneiras: na hostilidade e aversão à mulher como também na benevolência, na crença de que a mulher não é capaz de algo por ser frágil”.

A última fala da mesa ficou a cargo do Pastor Mozart. Conforme apontou, o racismo está presente inclusive nas traduções da Bíblia. “A humanidade, na verdade, começou na África. Moisés era africano. A origem do nome Adão significa ‘barro escuro’.

Existe também, no texto Cantares de Salomão, um diálogo entre um homem e uma mulher, onde segundo a tradução ela diz: ‘Eu sou morena, porém, formosa’, mas no texto original está escrito, ‘Eu sou negra e bonita’. Jesus Cristo era palestino, Maria e José nunca foram de pele branca. Vejam o que existe de ideológico na religião”.

O pastor defendeu o princípio da laicidade, criticando o movimento conservador que prega a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas. “A escola tem que ser laica. Religião se aprende em casa e nas igrejas, não na escola”.

O XI Seminário continuou na parte da tarde com uma roda de conversa sobre “Embates cotidianos e Práticas e cuidado: possibilidades de intervenção”. Clique aqui e veja como foi!



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