Com mais de 700 participantes credenciadas (os) e um número recorde de trabalhos apresentados, o CRP-RJ promoveu, entre os dias 26 e 28 de julho na Universidade Veiga de Almeida da Tijuca, a 10ª edição da Mostra Regional de Práticas em Psicologia.
Ao todo, nos três dias de evento, psicólogas (os) e estudantes de Psicologia de todo o estado do Rio apresentaram 321 trabalhos, 267 deles no formato “Apresentação Oral” e os outros 54 na modalidade “Exposição de Pôsteres”.
Ainda durante os três dias da 10ª Mostra, a Comissão de Orientação e Fiscalização (COF) do CRP-RJ organizou um stand, que serviu como ponto de encontro para as (os) psicólogas (os) e estudantes presentes no evento.
Nesse stand, havia sempre uma psicóloga fiscal da COF de plantão para oferecer às (aos) profissionais orientações técnicas sobre a prática da Psicologia. Também nesse espaço, foi feita a distribuição gratuita de publicações organizadas e lançadas pelo CRP-RJ neste e no ano passado.
Além da apresentação de trabalhos, a 10ª edição da Mostra mobilizou seus participantes também em torno de importantes debates relacionados à prática da Psicologia na contemporaneidade e teve como palestrantes importantes nomes como Joel Birman, João W. Nery e Ana Bock, que fez a aguardada conferência de encerramento do evento.
Abertura do evento
O evento teve início na tarde do dia 26 de julho com apresentações de trabalhos em ambas as modalidades. No começo da noite, aconteceu a mesa de abertura do evento, com participação da conselheira-presidente do CRP-RJ, Janne Calhau Mourão (CRP 05/1608), da conselheira-coordenadora da Comissão Organizadora da 10ª Mostra, Marilia Alvares Lessa (CRP 05/1773), e da professora e coordenadora do curso de Psicologia da UVA – Tijuca, Luciana Marques.
Marilia deu início à mesa ressaltando a importância da 10ª Mostra para as (os) profissionais e estudantes de Psicologia do estado do Rio desde a sua 1ª edição, em 2006. A coordenadora da Comissão Organizadora do evento destacou também que a proposta da Mostra é proporcionar um espaço de encontros entre psicólogas (os) e estudantes, fomentando a troca de experiências sobre a prática da Psicologia em seus mais diversos espaços de atuação.
Luciana, por sua vez, saudou o CRP-RJ pela parceria com a UVA. “De todas as dez edições da Mostra, este é o oitavo ano que o evento é realizado em nossa universidade. Aproveito esse momento para expressar minha alegria com essa parceria e espero que, nesses três dias, todos possam aproveitar os muitos encontros proporcionados”, afirmou.
Conferência de Joel Birman lota auditória da UVA
A conferência de abertura do psicanalista e professor da UFRJ Joel Birman foi a grande atração do primeiro dia da 10ª Mostra, lotando o auditório da UVA-Tijuca. Com temática “Sexo, Gênero e Desejo”, a conferência foi mediada pelo conselheiro do CRP-RJ José Novaes (CRP 05/980).
Birman afirmou que sua fala seria uma espécie de genealogia das novas relações estabelecidas pela sociedade ocidental entre sexo, gênero e desejo a partir dos anos 1950 e 1960. “Michel Foucault mostra que tem uma particularidade que o Ocidente produziu em relação ao dispositivo da sexualidade, que foi a criação de uma ciência do sexual”, disse.
“O que se construiu do século 18 até a década de 1920 foi um certo paradigma ocidental sobre sexualidade e, a partir de 1960 até os dias de hoje, estamos experimentando um novo paradigma, a partir do qual houve uma subversão radical da nossa ética e nossos costumes em relação a isso”, acrescentou Birman.
O psicanalista sublinhou, ainda, que essa discussão sobre sexo, gênero e desejo apresenta uma dimensão acadêmica, científica e, principalmente, ético-política. “Isso porque assistimos, desde 1950, a uma verdadeira revolução sexual, que se deu em três tempos diferenciados: o primeiro foi da Revolução Feminista, o segundo, da Revolução Homoerótica, e o terceiro momento que se refere ao movimento transgênero, este último, uma experiência muito mais recente. Esse movimento vai subverter o paradigma sexual anterior estabelecido entre sexo, gênero e desejo”.
“Com o movimento homoerótico”, acrescentou Birman, “os gays e as lésbicas saíram do armário e passaram a demandar uma legitimidade de seus desejos homoeróticos sem que, para isso, fossem chamados de perversos ou degenerados, tal qual os denomina a tradição psiquiátrica desde o século 19. Houve uma emancipação do desejo homoerótico e, dentro desse movimento, há, evidentemente, uma contestação da tradição do patriarcado a partir do fato de que uma mulher pode definir outra mulher como parceira da mesma forma que um homem pode escolher como parceiro outro homem, recusando o modelo matrimonial da tradição do patriarcado”.
Ainda conforme sublinhou o psicanalista, “o terceiro movimento é o mais recente, e eu diria o mais radical, que é o movimento dos transgêneros. Diferente do movimento dos gays e das lésbicas, o sujeito escolhe sua condição de gênero enquanto que, no caso do movimento feminista e dos gays e das lésbicas, o sujeito quer ser reconhecido naquilo que ele é, nas suas potencialidades e virtudes. No movimento trans, eu posso escolher aquilo que quero ser do ponto de vista do meu corpo ou da minha condição propriamente psíquica”.
Fique de olho! Em breve, os vídeos de todas as mesas de debate do evento estarão disponíveis em nosso canal no Youtube.