A 2ª edição do Seminário de Psicologia e Assistência Social aconteceu na última quinta-feira, dia 14 de julho, na Universidade Veiga de Almeida da Tijuca. Com o auditório lotado por mais de 250 participantes, entre psicólogas (os), estudantes e assistentes sociais, o evento, organizado pela Comissão de Psicologia e Assistência Social do CRP-RJ, teve como tema “Da atenção básica à especial”.
A conselheira-presidente da Comissão de Psicologia e Assistência Social do CRP-RJ, Juliana Gomes da Silva (CRP 05/41667), deu início ao evento lembrando que, no intuito de mobilizar as (os) profissionais do estado para o II Seminário, o CRP-RJ promoveu diversas rodas de conversa itinerantes sobre Assistência Social em municípios das regiões Serrana, Norte e Noroeste Fluminense.
Juliana falou também das temáticas que seriam debatidas ao logo do evento. “Todas as mesas foram pensadas com muito carinho para a categoria, de forma que possamos dialogar melhor e compartilhar experiências, saindo daqui revigorados e podendo aplicar essas experiências em nossas práticas diárias”.
Conferência de Abertura
A primeira atividade do evento foi a conferência de abertura “Análise da conjuntura e principais consequências para as políticas sociais e trabalhadoras (es)”, proferida pela psicóloga e presidente da Federação Nacional de Psicologia (FENAPSI), Fernanda Lou Sans Magano.
Fernanda iniciou sua fala contextualizando o atual momento político, social e econômico em nosso país, criticando as recentes medidas adotadas pelo governo interino de Michel Temer e destacando o quanto a macropolítica influencia no dia-a-dia da população. “Essas coisas parecem distante da nossa realidade, mas são elas que vão fazendo ruir as nossas bases. Os mais pobres são sempre os mais atingidos. O governo é provisório, mas o estrago é permanente”.
“Esse governo temporário está abusando do poder de medida provisória, até porque se é um governo temporário, em tese, não deveria mexer em nada estrutural. Mas, como o trâmite legislativo está acontecendo com certa rapidez, estão em curso a contrarreforma da Previdência, a desvinculação dos valores dos benefícios à referência do salário mínimo, a ampliação da idade mínima para aposentadoria, a retirada de direitos trabalhistas, a desestruturação do Sistema Único de Assistência Social e a contrariedade à universalização do Sistema Único de Saúde. Além disso, estamos assistindo, com toda a força, aos ataques às profissões que atuam na Saúde e na Assistência Social no intuito de enfraquecer as resistências desses setores”, apontou a presidente da FENAPSI.
A partir da sua análise conjuntural, Fernanda abordou mais especificamente o Sistema Único de Assistência Social. “O SUAS é uma conquista civilizatória de todas e todos, que é de fato trazer, para as políticas de Assistência Social, a perspectiva de direito social e a construção para a sociedade com o foco mais amplo. E temos o risco de perder todas as conquistas obtidas na última Conferência de Assistência, por exemplo, pois estamos assistindo ao desmantelamento dos serviços e das políticas”.
“O grande xis da questão é que, com a base conservadora à frente do nosso país, há uma grande implicação com os direitos das populações em maior vulnerabilidade, pois essa camada conservadora procura a manutenção da marca diferenciadora entre ricos e pobres. Então temos risco da nossa construção histórica de direitos ficar perdida”, ponderou a presidente da FENAPSI.
Por fim, Fernanda apontou alguns direcionamentos na atuação prática dos profissionais no SUAS. “Nós temos que fazer uma avaliação do SUAS que temos, o real, e verificar quais os avanços possíveis, quais os limites que vamos enfrentar. Para esse sistema funcionar com efetividade, temos que reafirmar o pacto de aprimoramento da gestão estadual, o pacto de aprimoramento da gestão municipal, as resoluções do Conselho e discutir o posicionamento da sociedade brasileira frente ao patamar que o país já atingiu na questão da provisão da proteção social”.