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Proteção Social Especial é tema de último debate no II Seminário de Assistência Social


Data de Publicação: 25 de julho de 2016


IMG_8801Encerrando a 2ª edição do Seminário de Psicologia e Assistência Social, o debate “Proteção Social Especial de Alta Complexidade: a rua em foco” mobilizou as (os) participantes que ainda lotavam o auditório da Universidade Veiga de Almeida da Tijuca.

Mediado pela psicóloga e colaboradora da Comissão de Psicologia e Assistência Social do CRP-RJ Tais Vargas (CRP 05/33228), o debate contou com falas de James Ferreira Moura, professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) e integrante dos Grupo de Pesquisa em Psicologia Comunitária/UFRGS e Núcleo de Psicologia Comunitária/UFC, e Hivana Raelcia Rosa da Fonseca, mestre em Psicologia, especialista em Gestão Social, estuda infância, história da infância, vulnerabilidade social, famílias, violência contra crianças e adolescentes e medidas protetivas.

James abordou a temática da mesa problematizando os elementos históricos, culturais e políticos que constituem nossa sociedade e caracterizam a prática da Psicologia em nosso país.

“É importante conhecer nossa história para entender a historicidade da nossa prática e também das populações que atendemos. Historicamente, somos uma sociedade patriarcal e colonialista. E esses elementos colonialistas estão diariamente presentes em nossa cultura e sociedade e se mostram evidentes nas nossas relações intersubjetivas.

E a Psicologia é elitizada porque ela vem, nesse processo, de uma sociedade elitizada, classista, racista e homofóbica. A nossa Psicologia não é feita para a população para a qual estamos trabalhando. Ela é feita para as classes média e alta. Onde estão os estudos vinculados à pobreza na Psicologia? Então, precisamos pensar que formatos de Psicologia nós, psicólogos, temos que conceber e produzir, porque somos, como profissionais da ponta, também produtores de conhecimento”, destacou o psicólogo.

Em seguida, o psicólogo compartilhou sua experiência como profissional atuante no Serviço Especializado para Pessoa em Situação de Rua, o chamado Centro Pop, na cidade de Fortaleza (CE). “O Centro Pop não precisa, necessariamente, ser o local para a atuação e o acolhimento a essa população, mas, sim, o ponto de partida para essa prática”.

Hivana, a última palestrante da mesa, centrou sua fala na atuação psi junto às crianças e adolescentes em situação de rua. “Com relação às crianças em situação de rua, temos um problema histórico, pois, historicamente, elas foram objeto constante de atuação. E essa criança sempre faz a gente pensar: onde estamos falhando para ela estar na rua?”.

“Geralmente, acontecem dois processos: ou você torna aquela criança e adolescente invisível, ou seja, ela/ele passa a fazer parte da paisagem urbana de tal forma que você não o enxerga mais. Ou você tira esses sujeitos de vista através dos processos de institucionalização, higienismo e medidas protetivas”, aponta a psicóloga.

“Existem muitos preconceitos com relação a essas crianças e adolescentes em situação de rua porque muitas vezes se acha que elas não tem família, não tem laços. E, em muitas situações, elas têm família, a família trabalha na rua e a criança estar ali, junto a seus familiares, muitas vezes é o que há de mais protetivo que essa criança pode ter. aí, muitas vezes vem o serviço de recolhimento e quer leva-la para um abrigo, rompendo com esse vínculo”, finaliza.