A Comissão Intergestora de Regionalização e Descentralização (CIRD) do CRP-RJ promoveu, no dia 18 de junho, em Resende, uma edição do “CRP-RJ Presente – Itinerante na Universidade Estácio de Sá. O objetivo do evento é mobilizar profissionais e estudantes de Psicologia de diversas regiões do estado.
O evento iniciou na parte da manhã com recepção e atendimento administrativo aos psicólogos recém-inscritos no CRP-RJ. Houve também um plantão de atendimento técnico à categoria em que uma psicóloga fiscal da Comissão de Orientação e Fiscalização (COF) do CRP-RJ esteve presente prestando orientações às (aos) interessadas (os) sobre questões pertinentes ao exercício profissional da Psicologia.
A mesa de abertura aconteceu com a participação de André Martins (CRP 05/33917), representante do CRP-RJ na Região Sul Fluminense, Vanda Vasconcelos Moreira (CRP 05/6065), conselheira-coordenadora da CIRD, e a estudante colaboradora do CRP-RJ Rogéria Thompson, além de Iara Maria de Farias (CRP 05/36324), coordenadora da graduação em Psicologia da UNESA de Resende, e José Roberto da Costa Júnior, gestor acadêmico da mesma universidade.
Em seguida, teve início a palestra da psicóloga fiscal da COF Liliane Gasperin (CRP 05/39759), prestando orientação geral aos novos profissionais de Psicologia sobre a prática da profissão. Ao final, Vanda falou sobre a atuação do Sistema Conselhos de Psicologia, das atividades desenvolvidas pelas comissões do CRP-RJ na capital e demais municípios do interior do estado. Após essa palestra, foi realizada a entrega de Carteira de Identidade Profissional (CIP) às (aos) psicólogas (os) recém-inscritas (os) no CRP-RJ.
Debate na parte da tarde
Na parte da tarde, aconteceu o evento “Rodas e Encontros”, reunindo as (os) profissionais e estudantes para debater a temática “Judicialização da vida e Direitos Humanos: o que a Psicologia tem a ver com isso?”.
Participaram como palestrantes os psicólogos Saulo Oliveira (CRP 05/31988), especialista em Psicologia Jurídica e integrante da Comissão Psicologia e Justiça do CRP-RJ, e Nilma Soares Barros (CRP 05/16340), psicóloga da Prefeitura de Resende na área de Gênero e Cidadania. A mediação ficou por conta do psicólogo e conselheiro do CRP-RJ André Martins (CRP 05/33917).
“A Judicialização das relações de gênero pode ser compreendida como a intensificação do aparato jurídico nas relações entre homens e mulheres, que vem avançando ao longo dos anos. A intensificação do Judiciário nas relações de gênero parece envolver um mecanismo de funcionamento que expõe lacunas do Executivo. Nesse campo de forças as(os) profissionais estão diante de um grande desafio na garantia dos direitos humanos”, afirmou Nilma, iniciando o debate.
“Percebe-se que, por demandas sociais, a legislação em direção â equidade de gênero vem crescendo e, assim, pressiona o Executivo, que não tem conseguido uma efetiva atuação nesse campo, colaborando para as intervenções judiciais se intensificarem. Por um lado, essa intensificação é coerente com a necessidade de proteção e garantia dos direitos das mulheres, incluindo uma vida sem violência. Por outro lado, a intervenção do judiciário pode funcionar como um mecanismo de normatização e controle das relações”, argumentou a psicóloga.
“Cidadania e subjetividade caminham juntas nas políticas públicas de garantia de direitos. É nesse lugar que a(o) psicóloga (o) tem a oportunidade de colaborar a partir do diálogo e de uma escuta que reconhece e identifica o impacto, sobre os sujeitos, do contexto sociocultural que estabeleceu desigualdades nas relações de gênero ao longo da história”, finalizou Nilma.
Saulo, por sua vez, destacou que “a carência de investimentos em serviços na promoção dos direitos acaba reforçando e transferindo para a justiça demandas que deveriam ser absorvidas por uma política de atendimento e prevenção primárias. Assim, na tentativa de resolução dos conflitos, reforça-se uma prática judicializante da vida cotidiana, muitas vezes exercida e reforçada não exclusivamente pelos operadores do Direito, mas também pelos profissionais que exercem a atribuição e competência de assessoria em matéria de Psicologia e outras profissões”.
“Neste sentido”, acrescentou o colaborador do CRP-RJ, “falar do atual compromisso social da Psicologia no Sistema de Justiça necessita analisar as implicações da profissão em meio às demandas sociais e à lógica jurídica em que os profissionais estão inseridos”.
“Apesar dos avanços da atuação profissional no Sistema de Justiça, ainda há um longo caminho a percorrer para a construção de uma identidade profissional calcada no compromisso social. Fugir dos estigmas que muitos profissionais de Psicologia carregam em diferentes áreas de atuação representa um grande desafio para tal transformação. Para isso, é preciso adaptar os saberes de nossa profissão com a realidade social que nos cerca e o passo para modificar a realidade é estranhar o instituído, buscando novas respostas e polemizando situações do cotidiano, trazendo ‘novos olhares’ para o Sistema de Justiça”, avaliou, por fim, Saulo.
Ao final das falas dos palestrantes, ocorreu um importante debate entre as (os) participantes.