O II Seminário Psicologia nas Escolas trouxe o debate “Psicopedagogia com que Psicologia?” para a tarde do dia 24 de junho, na UNIRIO. A mesa redonda versou sobre o tema central do Seminário, que teve o objetivo de trazer a discussão sobre a Psicopedagogia e sua relação com a Psicologia e a Educação. Marilda Almeida, professora do Instituto Sedes Sapientiae, Aliny Lamoglia (CRP 05/18423), professora da UNIRIO e Lygia Viegas, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) foram as palestrantes da mesa, mediada por Beatriz Sancovschi (CRP 05/30215), psicóloga e professora da UFRJ.
Marilda Almeida iniciou sua fala fazendo uma breve contextualização da Psicopedagogia na escola: “A escola tradicional, que é uma escola igual para todos e não considera as diferenças, foi onde surgiu a psicopedagogia. O psicopedagogo era alguém que poderia ser chamado para resolver um problema”.
Ainda segundo ela, “a Psicopedagogia é interdisciplinar e transdisciplinar, pois se ocupa dos processos de aprendizagem e as dificuldades que surgem desses processos. Para fugir daquela exigência inicial de ‘resolvedor de problemas’ e ‘cura’, ela busca em várias ciências humanas a fundamentação para suas discussões”.
Aliny Lamoglia apresentou uma problematização a partir da pergunta que deu nome à mesa redonda: “Psicopedagogia com que Psicologia?”. Para ela, a Psicologia deve promover a transparência como ideologia para melhor lidar com a diferença no contexto escolar. “Deve ser uma Psicologia que realize o encontro com a família e que discuta junto com equipe pedagógica os pressupostos teóricos que direcionam a prática da aprendizagem. Deve ser uma Psicologia que se ocupe das questões ligadas à cognição e que faça diálogo inclusive com a neurociência para melhor entender os mecanismos que influenciam no ensino e na aprendizagem”, finalizou.
Já Lygia Viegas retomou a discussão proposta por Marilda e tratou do papel da (o) psicóloga (o) na escola tradicional. “Quando surge o fracasso escolar, a Psicologia é convocada à escola no papel de ‘resolvedora de problemas’. E a partir da pergunta-tema da mesa, penso quantas psicologias nós temos para ‘servir’ à essa atuação. Não se trata de escolher a Psicologia mais ‘verdadeira’ do ponto de vista científico, até porque, ao analisarmos a história da ciência, vemos que a ciência tem muitos erros. Trata-se aqui de escolher a Psicologia que mais se afina com sua visão de mundo, e a ética com a qual pretende trabalhar”.
“Então, a lógica que fez com que a Psicologia fosse convocada à escola a partir do fracasso escolar, do problema de aprendizagem ou de comportamento, desloca o problema exclusivamente para o aluno. Ele, o aluno, é que supostamente não consegue aprender, não consegue se comportar. Então, esse aluno é encaminhado para nossos consultórios, onde o problema supostamente é resolvido. Contudo, depois, esse aluno volta pra uma escola que não se repensa e que continua igual”, pontuou Lygia. “Essa lógica enfraquece a própria escola, tirando sua responsabilidade sobre o processo de aprendizagem. Na realidade, temos que fortalecer a escola e enfraquecer a construção de estigmas, aí sim, estaremos num campo ético de atuação”, concluiu.
Por fim, a mediadora da mesa, Beatriz Sancovschi, propôs uma reflexão: “temos que repensar o conceito de aprendizagem e problematizá-lo para além da relação sujeito e objeto, já que estamos problematizando, inclusive, a própria Psicologia.”
Exposição cultural e lançamento de livro
O fim da tarde do 1º dia do evento foi movimentado com a exposição dos desenhos do artista e professor Alex Frechette. Seus “Diários de Escola” retratam estudantes das suas aulas de artes. Com desenhos feitos em cadernos escolares, utilizando caneta esferográfica.
Em paralelo, houve o lançamento e a distribuição gratuita dos exemplares do livro “Conversações em Psicologia e Educação”. A publicação, organizada pela COMPSIEDUC, reflete o resultado das discussões e dos debates promovidos pela comissão desde 2014, quando foi instituída. A ilustração da capa do livro é composta pelos desenhos do “Diários de Escola” de Alex Frechette. O livro reúne artigos dos palestrantes que participaram do “I Simpósio da Região Serrana: Medicalização da Educação, da Saúde e da Sociedade”, promovido em fevereiro de 2015, em Petrópolis, e do “I Seminário Psicologia nas Escolas: o que o professor demanda e o que a escola produz?”, ocorrido em maio do ano passado.
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