Na terça-feira, 29 de março, a Universidade Estácio de Sá do município de Resende, no Sul do estado do Rio de Janeiro, sediou mais um Pré-Congresso Regional de Psicologia (Pré-Corep), no qual foram elaboradas e votadas propostas a serem levadas ao Congresso Regional de Psicologia (COREP) – que ocorrerá no Rio de Janeiro, em sua 9ª edição, entre os dias 29 de abril e 1º de maio –, pelas psicólogas eleitas delegadas no evento.
Esse processo, que caracteriza todos os pré-Corep, foi precedido por um debate sobre “a clínica: do particular ao SUS”, do qual participaram os psicólogos Alexandre Vasilenskas (CRP 05/30741), colaborador do CRP-RJ e doutor em saúde coletiva que atua na rede de saúde mental do município de Macaé, e André Souza Martins (CRP 05/33917), conselheiro do CRP-RJ que atua na área de atendimento ambulatorial na Secretaria de Saúde de Resende.
Vasilenskas introduziu sua fala abordando questões relacionadas à diferença na formação de psicólogos nos últimos anos e, dirigindo-se aos estudantes presentes, afirmou que estes têm hoje uma formação melhor que ele, que se formou em 2004. “Os cursos de psicologia eram voltados para o atendimento individual. Não tinha nenhuma discussão específica sobre local de atendimento, o que gerava uma situação muito estranha, porque a gente se formava no esquema de consultório.
O psicólogo padrão se formava, abria um consultório, esperava ter gente, enquanto na realidade hoje, nós somos basicamente empregados, primeiro na saúde, depois nos espalhando por outras áreas”, contou. “Lembro de colegas que iam trabalhar na área de recursos humanos, que se formavam nos próprios locais de estágio, porque não tinha nenhum tipo de formação específica pra eles”, continuou. “Quando fui dar aula, estava nesse processo de transformação. Por isso eu posso dizer que, possivelmente, os estudantes e o pessoal que se formou há menos tempo têm uma formação mais adequada à realidade de trabalho”, completou, levando questões aos estudantes e profissionais presentes no evento, que participaram ativamente da discussão.
Diante de colocações de psicólogas presentes, algumas das quais sobre projetos de lei que prejudicam a psicologia e aos quais a categoria não teria acesso, Martins ressaltou a importância de a categoria participar dos espaços públicos de deliberação sobre os temas que são de seu interesse, para entender siglas e jargões, e não ser surpreendido pela aprovação de propostas que prejudicam a categoria.
“Aqui em Resende, cada posto de saúde tem a divulgação de um banner na porta, informando sobre a data e o local de realização da próxima plenária ordinária. As plenárias são abertas aos cidadãos. Ao participar das reuniões, uma vez por mês, você entra em contato com jargões e siglas, e você não é pego de surpresa na tramitação final no Congresso de uma lei de responsabilidade fiscal que irá cercear recursos, ampliar a OS, sucatear o serviço público, por exemplo”, disse o psicólogo.
Após longo debate sobre diversas questões relacionadas ao tema da palestra de Vasilenskas, Martins explicou aos profissionais e estudantes e presentes como se daria o processo do pré-Corep. Votação de propostas e eleição de delegados Por meio de votação, compuseram a mesa diretora os psicólogos que palestraram, André Martins e Alexandre Vasilenskas, como presidente e relator, respectivamente, e como secretária, Ana Lúcia Faria (CRP 05/10171), que atua no CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) de Resende.
Entre os profissionais, foram eleitos cinco delegados e uma suplente. Entre os estudantes, uma delegada e uma suplente. Foram aprovadas 17 propostas no evento, que versaram sobre diferentes questões, como: “a defesa intransigente da observação dos direitos humanos na prática do psicólogo e no âmbito político social nas questões da infância, juventude e idoso”; a “reafirmação, por parte dos sistemas conselhos da defesa da não privatização das políticas públicas, e a não precarização dos vínculos de trabalho” e o desenvolvimento “de políticas públicas de deflagração dos conhecimentos teóricos psicológicos para a sociedade, de forma a desmistificar a visão normatizante da psicologia”.
Também foram aprovadas as propostas de “estreitamento das relações entre o Sistema Conselhos e as universidades do Sul Fluminense” e a interiorização de suas ações, e uma “maior aproximação entre o Sindicato dos Psicólogos e o CRP-RJ, juntamente com a Promotoria, Defensoria Pública, Fórum Grita Baixada, Centro de Direitos Humanos de Nova Iguaçu e Movimentos Sociais”, entre outras.
Abril de 2016