“Perspectivas para uma História da Psicologia na Assistência Social” foi o tema da conferência de abertura do I Seminário de Psicologia e Assistência Social. A palestra foi ministrada por Marcelo de Almeida Ferreiri, graduado em Psicologia, mestre em Psicossociologia de Comunidade e Ecologia Social pela UFRJ, doutor em Psicologia Social pela UERJ e professor do Núcleo de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade Federal de Sergipe.
Em sua fala, o professor abordou a inserção da Psicologia na Assistência Social brasileira. Segundo ele, a Psicologia na Assistência esteve, em um primeiro momento, ligada a práticas caritativas na época em que a Assistência Social era desenvolvida principalmente por instituições religiosas.
Em um segundo momento, especialmente a partir da década de 1930, a Psicologia esteve vinculada a ações de cunho higienista, a maior delas idealizadas e produzidas por médicos e promovidas por agentes do Estado. “Podemos dizer que a entrada efetiva da Psicologia na Assistência tem como marco a inserção nas políticas de Assistência à infância”, explicou Marcelo.
“Tratar das questões da infância tem um papel muito estratégico para o Estado brasileiro ao longo do século XX. O serviço social deve muito à assistência ao menor. É com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que a inserção da Psicologia na Assistência ao menor ganha vigor, dando visibilidade às práticas psicológicas nessa política”.
Por fim, Marcelo criticou a mentalidade “menorista” que norteia a política de Assistência às crianças e adolescentes e também as práticas profissionais no campo. Conforme defendeu, esse conceito de “menor de idade” reduz a garantia de direitos ao substituir o conceito iluminista da liberdade como um direito da criança e do adolescente pelo discurso da proteção integral. “Esse conceito de proteção deve ser inclusive repensado por nós, profissionais desse sistema e agentes garantidores de direitos”, finalizou.