A última atividade do Seminário foi o “Mural de Encerramento: Infância: Ações da Psicologia no SUAS / Centralidade da família na política de Assistência”.
Mediado pela psicóloga e colaboradora do CRP-RJ Nathália Fernandes (CRP 05/39380), o encerramento do evento teve participação de Lilian Rodrigues da Cruz, doutora em Psicologia pela PUC-RS e professora do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e Luiz Fernando de Oliveira Saraiva (CRP 06/81533), psicólogo que atua na capacitação e supervisão de trabalhadores e equipes do SUAS e pesquisador sobre a centralidade da família na política de Assistência Social no Laboratório de Estudos da Família, Relação de Gênero e Sexualidade (LEFAM-IPUSP).
Lilian centrou sua fala na análise das práticas psicológicas no campo da infância com o objetivo de pensar práticas mais libertadoras e inovadoras dentro dos equipamentos do SUAS. “Em primeiro lugar, precisamos pensar por que a Psicologia está no SUAS, já que o SUAS está mais ensinado a Psicologia do que ela servindo efetivamente ao SUAS”.
Em seguida, a professora resgatou o histórico de atuação da Psicologia como instrumento de reafirmação de práticas medicalizantes, patologizantes e excludentes. “Precisamos pensar em como nosso discurso produziu e vem produzindo subjetividades desqualificadas e perpetuando as desigualdades em vez de garantir direitos”.
“Percebo, em nossa atuação, certo embate entre o olhar sobre o sujeito de direitos e o olhar sobre o sujeito da caridade. Essa situação é real e está posta, inclusive nos documentos produzidos pelos psicólogos que atuam no SUAS. Acredito que ainda vivemos uma transição entre essas duas concepções”, defendeu Lilian.
Já Luiz Fernando problematizou a centralidade da família na política de Assistência, destacando que “a família ocupa lugares variados dentro da mesma política: a família é o principio, é a diretriz, é o objetivo e também usuária da política da Assistência”.
Em seguida, o psicólogo refletiu sobre o próprio papel da Psicologia na Assistência. “A Psicologia historicamente despolitiza as mazelas e os sofrimentos humanos, tornando-os individuais, apartados do tempo e do espaço. A Psicologia categoriza, culpabiliza, normaliza, patologiza, moraliza e familiariza. Historicamente temos feito isso, embora queiramos romper com essas práticas”.
Ao final, Luiz Fernando concluiu afirmando que a centralidade da família nessa política indica um perverso mecanismo de controle da vida e da diversidade humana. Segundo ele, “a família tem sido paulatinamente produzida como unidade promotora de serviços de cuidado, socialização e proteção. A família ocupa um lugar de salvação de nossos problemas individuais e sociais. Essa questão fala diretamente sobre certa forma de gestão da vida humana”.