No dia 6 de julho, tomaram posse os integrantes do Grupo de Trabalho de Enfrentamento à Intolerância e Discriminação Religiosa (GTIREL) tomaram posse no Auditório Adauto Belarmino, situado na Superintendência de Direitos Individuais Coletivos e Difusos. Entre os empossados está o psicólogo e conselheiro do XIV Plenário do CRP-RJ José Henrique Lobato Vianna (CRP 05/18767).
A criação do GT é uma iniciativa da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, da Superintendência de Direitos Individuais Coletivos e Difusos e do CEPLIR (Centro de Promoção da Liberdade Religiosa e Direitos Humanos), do qual o CRP-RJ também faz parte.
Na cerimônia de posse e com o auditório lotado, a mesa de honra foi composta por diversos representantes religiosos e políticos que colaboraram especificamente para a criação desse GT. Entre eles, o deputado estadual Carlos Minc, a vereadora Laura Carneiro, a deputada estadual Martha Rocha, o coordenador-geral de Segurança, Cidadania e Direitos Humanos do Governo Federal Alexandre Fonseca, o superintendente de Direitos Individuais Coletivos e Difusos Cláudio Nascimento Silva e a secretária de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro, Teresa Consentino.
O coordenador-geral Alexandre Fonseca trouxe na sua fala muitos dados estatísticos pertinentes ao trabalho do GT: “O grupo religioso que mais sofre com a intolerância religiosa é o de matriz africana e, surpreendentemente, em segundo lugar está o grupo dos evangélicos. Esses são os nossos dados na esfera federal.”
Já o deputado estadual Carlos Minc ressaltou a importância da criação de uma delegacia especializada: “Importante termos aqui no Rio de Janeiro, o que já tem em São Paulo, que é uma delegacia especializada em intolerância religiosa.” E também, concluiu: “Vivemos tempos de intolerância, tempos obscuros, eu diria. O trabalho dessa comissão será de extrema importância: é uma semente de resistência”.
Foi anunciada no evento pelo superintendente Cláudio Nascimento a formação de dois mil policiais civis e mais quatro mil policiais militares em oficinas de especialização no trato aos crimes de intolerância religiosa.
A vereadora Laura Carneiro enalteceu a criação do grupo: “Cada um tem sua liberdade, cada um tem o direito à sua religião e é isso que estamos celebrando aqui.”
Finalizando o evento, a secretária Tereza Consentino reafirmou mais alguns compromissos em prol da luta contra a intolerância religiosa: “Esse grupo é o primeiro passo, mas queremos transformá-lo em Conselho até o final do ano, pois um Conselho tem mais força. Também investiremos no fortalecimento das articulações aqui no Centro do Rio, bem como na interiorização do enfrentamento à intolerância através das nossas redes, ampliando esse trabalho para nossos 92 municípios, num esforço conjunto entre Estado e municípios.”
O conselheiro do CRP-RJ José Henrique Lobato sinaliza para a importância de a Psicologia estar presente neste espaço de lutas e enfrentamentos: “Em pleno século XXI é duro termos que criar comissões, grupos e conselhos que combatam a discriminação e a intolerância seja nas mais variadas formas de expressão. Uma das coisas que mais temos visto são ações próximas à barbárie e ao ódio, imperando quando o assunto versa sobre as diferenças de pensamento e expressão”.
“É por isso”, acrescenta o conselheiro do CRP-RJ, “que se torna premente a criação e manutenção deste grupo de trabalho e o CRP é um parceiro destas lutas, pois acreditamos que nosso trabalho deve estar próximo a todos aqueles que lutam por um mundo mais justo e comprometido com a igualdade social de forma irrestrita.”
José Henrique aponta ainda que, no exercício profissional, “a questão do sofrimento devido à intolerância religiosa também pode surgir como material nesta interlocução do profissional psicólogo com a pessoa que solicita seus serviços”.
Conforme destaca, “A nós, psicólogos, nos cabe ouvir, sem recriminações ou julgamentos. Como profissionais de Saúde Mental, temos que estar abertos ao que nos chega como material discursivo. Nossa função é acolher a dor, o sofrimento e ajudar a pessoa a darem sentido àquilo que a afeta.”
O tema da Laicidade na Psicologia vem sendo debatido há alguns anos pela categoria, mas ganhou força no último Congresso Nacional de Psicologia (CNP), em 2013, quando as (os) profissionais definiram essa temática como uma das diretrizes de trabalho e discussão da Psicologia brasileira, reafirmando, sobretudo, a manutenção e o respeito do caráter laico da Psicologia e do Estado.
“Ser laico não significa ser arreligioso, arredio a qualquer manifestação de crença religiosa, mas sim respeitar todas as manifestações de fé contanto que as mesmas não se misturem ou favoreçam assuntos religiosos na esfera da política de governo”, finaliza o psicólogo.