No dia 23 de junho, foi realizada, na Subsede do CRP-RJ na Baixada, a 16ª Rodas e Encontros com a apresentação de diversos trabalhos de psicólogas (os) e estudantes, consolidando-se como um importante evento preparatório e de mobilização para a 9ª Mostra Regional de Práticas em Psicologia, que acontecerá de 30 de julho a 1º de agosto, na Universidade Veiga de Almeida, na Tijuca.
Foram apresentados trabalhos das mais diversas áreas de atuação dentro da Psicologia, o que demonstrou de forma impactante a diversidade dos temas que podem e devem ser abordados pelas psicólogas (os) e pelas (os) estudantes.
A primeira apresentação foi da psicóloga Suely Martins (CRP 05/27320), que relatou e pontuou a importância do trabalho do psicólogo dentro do Centro POP – População de Rua, de São João de Meriti. Durante a apresentação, Suely questionou: “O que nós podemos contribuir? Como podemos fazer a diferença na vida dessas pessoas, deixando de lado o mero assistencialismo, muitas vezes de cunho religioso?”.
A psicóloga também destacou as parcerias que o Centro POP tem com outros projetos, dentre eles o Consultório na Rua: “A nossa parceria com o Consultório na Rua é um sucesso. Os profissionais que trabalham nesse projeto são bem capacitados, e tem trazido muitos benefícios para esta população assistida”, disse.
Continuando o evento, a psicóloga Maíra Madeira (CRP 05/32352) falou sobre ‘Avaliação Psicológica’, e segundo ela, “o processo de coleta de dados, cuja realização inclui métodos e técnicas investigativas afim de traçar um perfil psicológico do candidato e do funcionário, estão sendo amplamente utilizados em empresas como uma das ferramentas de RH”.
A psicóloga acrescentou ainda que esse tipo de avaliação deve acompanhar os funcionários na sua vida profissional dentro das empresas: “Eu acredito que uma avaliação psicológica deve ser feita a cada ano, pois a vida do profissional muda e isso influencia no seu comportamento e, consequentemente, na sua vida laboral.”, concluiu.
O psicólogo Wallace Brito, recém-formado da UNIABEU/ Belford Roxo, falou sobre “O tempo sem tempo”, capítulo de seu Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, e de que forma isso interfere na vida dos indivíduos. Para ele, o contemporâneo acaba sendo marcado pela falta de experiência. “Nós não adquirimos experiência, apenas vivenciamos os acontecimentos. Isso traz uma eterna sede de novidade, não do novo, porque para isso, algo precisa mudar e necessita de reflexão”, falou.
Vera Miranda, estudante da UNIABEU, apresentou o tema: “Trabalho, Saúde e Tempo” que dialogou com a pesquisa de Wallace, e tratou da questão do aceleramento do tempo sob a perspectiva da supervalorização do trabalho em detrimento do ócio. “As pessoas não suportam quem não está empregado. O trabalho é supervalorizado na sociedade, em detrimento do ócio. Quem tem tempo livre é mal visto”, esclareceu. A psicóloga também pontuou a questão da identidade do indivíduo: “A identidade é construída de acordo com o trabalho. Se não tem trabalho, a pessoa fica sem identidade, não sabe mais quem é, não sabe mais o que fazer”, completou.
Outra psicóloga que apresentou trabalho foi Denise Malheiro (CRP 05/18051), ela falou de um projeto desenvolvido com idosos, junto com a psicóloga Cátia de Souza. Segundo Denise, seu trabalho está pautado na proposta do trabalho de acompanhamento da auto-percepção e autoestima com idosos, através de atividades da dinâmica de grupo. “Essa é uma abordagem mais produtiva, porque surge da demanda própria da terceira idade do trabalho mais dinâmico. A gente ouve a demanda para aí sim, iniciar o trabalho”, disse.
A última que apresentou o trabalho foi a psicóloga Ludmilla Furtado da Silva (CRP 05/ 35090). Ela falou sobre “Recasamento”, trazendo dados pertinentes não só às questões de novas configurações familiares, mas pertinentes as questões de adolescentes em situação de rua.
“Nas famílias de baixa renda há maior incidência de recasamentos. Muitos adolescentes acabam abandonando suas casas, porque a parentalidade a ser construída é desmerecida em função da conjugalidade, na qual essa mãe ou esse pai faz uma opção pelo novo parceiro e não pelo filho.” Ou seja, o pai ou a mãe que inicia uma nova união amorosa deveria privilegiar os laços de parentalidade entre os filhos e novo parceiro, para que esse carinho familiar una os novos membros. Ao privilegiar o enlace com o novo cônjuge, deixando de lado a questão da parentalidade, incorrem no erro de desmerecimento dos filhos.
A diversidade de temas foi uma grande marca dos trabalhos apresentados nessa Pré-Mostra, contribuindo para enriquecimento da Psicologia. É interessante ressaltar que as pesquisas focaram no diálogo entre teoria e prática, como, por exemplo, alguns estudos de caso que foram relatados pela equipe da Casa de Acolhimento da Criança de Seropédica, junto à orientadora de estágio Suanny Nogueira de Queiroz (CRP 05/ 45608).
Julho de 2015