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Conferência sobre novos diagnósticos da psiquiatria infantil encerra I Simpósio


Data de Publicação: 5 de março de 2015


O psiquiatra e professor adjunto do Instituto de Medicina Social da UERJ Rossano Cabral Lima foi o convidado para encerrar as atividades do I Simpósio da Região Serrana: Medicalização da Educação, da Saúde e da Sociedade.

Em sua conferência “Novos diagnósticos da Psiquiatria Infantil e Juvenil: uma investigação crítica”, o professor da UERJ abordou o aumento, nos últimos anos, da prevalência de diagnósticos de transtornos mentais na faixa etária infantil e juvenil. “Esse aumento se deve, como aponta o discurso oficial da Psiquiatria, a uma maior detecção desses transtornos que antes não enxergávamos, ou isso se deve à medicalização dos programas escolares e familiares?”.

Para responder esse questionamento, é preciso investigar os antecedentes históricos e o momento atual da Psiquiatria infantil e juvenil.

O primeiro deles se refere ao próprio nascimento da Psiquiatria, por volta da passagem do século XVIII para o XIX, na Europa, quando os diagnósticos dessa especialidade médica apontavam para transtornos que ainda não tinham o status de doença mental, como a melancolia, a demência e a idiotia. Nesse período, a pedagogia e o tratamento corretivo eram uma marca da Psiquiatria Infantil.

O segundo momento corresponde à passagem do século XIX para o XX, quando começa haver a preocupação com transtornos mentais na infância e na adolescência. Foucault afirma que é a partir da infância que a Psiquiatria consegue se universalizar, dedicando-se a investigar e normatizar os pequenos desvios do comportamento, que foram convertidos em síndromes e patologias.

Nos anos 1990, houve uma fase de expansão da Psiquiatria Infantil, a qual Rossano chama de “Psiquiatria dos Manuais”, quando começamos a ser invadidos por uma série de novas categorias psiquiátricas, especialmente na área da infância.

Em seguida, ele citou o TDAH que, “embora seja um tipo de diagnóstico bem característico do espaço escolar, é algo que vem sendo muito discutido atualmente e, de certa maneira, foi o carro-chefe desse processo de expansão da Psiquiatria Infantil que se deu a partir de novos diagnósticos que foram se disseminando”.

Rossano finalizou citando os principais motores da medicalização: “o prestígio, o poder e a autoridade do saber médico; o fascínio social com as biotecnologias; a expansão do biomercado, que apresenta as medicações como indispensáveis para o nosso cotidiano; e a própria população, que muitas vezes pressiona por exames, diagnósticos e medicação”.

Março de 2015