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“Novos modos de atendimento à queixa escolar” é tema de conferência no I Simpósio da Região Serrana


Data de Publicação: 5 de março de 2015


A conferência que abriu as atividades do I Simpósio da Região Serrana: Medicalização da Educação, da Saúde e da Sociedade foi apresentada pela professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia Lygia de Souza Viegas e teve a temática “Novos modos de atendimento à queixa escolar”.

Lygia iniciou a palestra apresentando alguns exemplos de casos encaminhados pela escola a profissionais de Psicologia de alunos que apresentavam indisciplina, insubordinação e problemas de aprendizagem, entre outros. A partir dessas situações, a professora da UFBA questionou não apenas a forma como essas demandas são muitas vezes encaminhadas pela escola como também a intervenção clínica tradicional de psicólogos que tratam essas questões de modo individualizante, transformando-as em um sintoma que requer um tratamento psicológico.

Foi apontado o processo de massificação da Educação que provoca sofrimento para todos os atores que atuam no espaço escolar, massacrando o professor e fazendo com que a diferença e a singularidade não sejam acolhidas e respeitadas dentro desse espaço. Para compreender esse processo, é preciso entender como a escola se organiza e, a partir daí, compreender quais desses funcionamentos produzem sofrimento para o professor, os alunos e familiares.

Em seguida, a professora da UFBA enfatizou a diferença entre medicar e medicalizar. Conforme explicou, “medicar é prescrever e tratar com medicamentos. A medicalização é mais do que isso. Podemos até entender que o uso excessivo de medicamentos para tratar um sintoma pode ser um sinal de medicalização, mas ela não se reduz a isso: ela é um processo artificial que vai transformar questões políticas e sociais em questões individuais e, como face mais perversa desse processo, temos a patologização, a produção da doença”.

“No campo da Educação, particularmente, a medicalização vai acontecer a partir da invenção de doenças sobre crianças que não aprendem, não se comportam ou não se adequam, como se não existissem problemas no sistema educacional, apenas doenças que devem ser tratadas individualmente”, criticou a palestrante.

Finalizando a conferência de abertura, Lygia defendeu a importância de pensar novos modos de atuação da Psicologia no campo da Educação. A Psicologia precisa se reinventar considerando que o fracasso escolar é um processo complexo relacionado a diversas questões históricas, políticas, econômicas, sociais, institucionais e pedagógicas. Assim, a partir dessa reflexão, a (o) psicóloga (o) começa as pensar estratégias de intervenção que não são dirigidas ao corpo da criança, mas ao contexto ao redor dela.

Março de 2015