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“Assédio Moral” foi tema do primeiro Cine Psi do ano 2015


Data de Publicação: 18 de fevereiro de 2015


assedio1O primeiro Cine Psi do ano foi realizado na tarde do dia 03 de fevereiro, coordenado pela integrante da Comissão Gestora da Subsede do CRP-RJ / Baixada, Jacqueline dos Santos Soares (CRP05-41408), localizada em Nova Iguaçu. O tema escolhido para o debate foi sobre “Assédio moral”. Com mais de 40 pessoas presentes, representantes de vários municípios da Baixada, entre profissionais de Psicologia, estudantes e profissionais e instituições parceiras, a 45ª edição do Cine exibiu o filme ‘Assédio Moral: A dor do invisível’.

Quem marcou presença na discussão foi Marinaldo Silva Santos (CRP 05/5057), psicólogo e presidente do Sindicato dos Psicólogos do Estado do Rio de Janeiro (SINDPSI/RJ); a representante da direção do Sindicato dos Assistentes Sociais (SASERJ), Maria Conceição da  Luz Ferreira  e a psicóloga Monica Valéria Affonso Sampaio (CRP 05/44523), membro da Comissão Gestora do CRP-RJ na Baixada e diretora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (SEPE-RJ/ Mesquita).

A primeira a falar foi Maria Conceição, profissional concursada, escolheu algumas questões para serem levantadas durante o debate. Para ela, o assédio moral está associado à questão da hierarquia e é preciso ter estratégias para enfrentar momentos como estes. “A primeira estratégia para enfrentar a questão do assédio é a articulação, é trabalhar no coletivo. No meu antigo trabalho a gente começou a enfrentar o assédio a partir da coletivização, começamos a nos reunir e a chamar outros concursados para enfrentarmos todos os outros tipos de assédios”, disse.

Ainda de acordo com Conceição, as mulheres são as que mais sofrem com o assédio moral. Quando são negras o assédio aparece com mais frequência. “Eu era a mulher negra pegando no volante pela primeira vez naquela empresa, a maioria do meu antigo trabalho era homem, ouvi muitas piadas. Nós mulheres nos sentíamos intimidades, eles eram os que tinham cargos maiores, ganhavam mais”, contou.

Conceição afirmou ainda que o assédio, apesar de ser subjetivo, ele se materializa: você chora e você não está perdendo parte do seu corpo, mas está perdendo a vontade de fazer o seu trabalho bem feito. “As armas que precisamos usar ao nosso favor é construirmos uma relação de coletividade, de solidariedade, necessitamos construir essa rede. Além de contar com o movimento sindical, pois ele é o espaço onde a gente pode se apropriar e denunciar”, finalizou.

Marinaldo falou que apesar deste tema ser amplo, não se encontra nada sobre ele na literatura jurídica. “A gente não encontra material sobre ele, existe uma lei estadual de 2001 sobre o tema, mas uma lei federal que possa abarcá-la não existe. O que dificulta muito falar sobre esse assunto”, disse.

Mas, segundo ele, como não existe uma lei federal que fale detalhadamente sobre o assédio moral, existe na Constituição Brasileira, no seu artigo primeiro, que todo o sujeito tem direito à dignidade. “E o assédio moral passa por aí, passa pela dignidade do ser humano. O assédio moral é quando o trabalhador fica exposto a situações humilhantes. E não é apenas num determinado momento que uma pessoa vai entender que está sendo assediada, isto tem que ter uma regularidade, uma constância”.

Marinaldo explicou ainda que o assédio tem uma intenção clara que é o de desestabilizar o trabalhador para que ele saia da condição que ele se encontra. “No emprego da iniciativa privada isto é feito para que a pessoa peça demissão. No caso do serviço público existe a estabilidade, o assédio é com mais frequência, mas o problema é que não conhecemos os nossos direitos”, afirmou.

O presidente do Sindicato dos Psicólogos aconselha também que a saída é buscar o não isolamento, é preciso estar sempre acompanhado, pois quando se quer comprovar que a pessoa passou por assédio moral, é necessário provas, gravações, e-mails, anotar o número de vezes que sofreu o assédio, data, hora, local, termos testemunhas para comprovar. Ele afirmou ainda que quando se trata de mulheres, o assédio aumenta, mas quando são mulheres negras, o assédio é maior.

De acordo com Monica, este é um dos maiores problemas enfrentados no SEPE. “Neste sindicato, a gente trabalha em núcleos e eu atuo no núcleo de Mesquita. Os baixos salários e o assédio são problemas muito graves que a gente enfrenta diariamente, quando um professor reclama de algo, eles mandam os professores para bem longe de onde ele mora, simplesmente porque se indispôs com a direção”, falou.

Mas, segundo Monica, a categoria que ela atua é muito politizada, os professores acabam não atuando sozinhos, eles se mobilizam a cada problema. “O assédio moral é um problema tão recorrente na nossa profissão que o SEPE fez uma cartilha explicando sobre o assunto, inclusive distribuiu algumas destas cartilhas para os presentes. A gente resiste quando não estamos sozinhos porque o assédio moral está infiltrado, a gente visita as escolas de Mesquita todas as semanas, a diretoria retira as nossas cartilhas, mas a gente vai lá e repõe”.

Monica concluiu a fala lendo um dos trechos da cartilha: “Se você é testemunha de cenas de humilhação no trabalho supere seu medo, seja solidário com seu colega. Você poderá ser a próxima vítima e nesta hora o apoio dos seus colegas também será precioso. Não esqueça que o medo reforça o poder do agressor”.  Logo depois foi aberto o debate para todos os presentes, todos da mesa ressaltaram a importância de trabalhar sempre coletivamente, colher provas e sempre contar com os sindicatos.

Os debatedores e participantes abordaram os efeitos psicológicos danosos ao “assédio moral”,  com as diversas sumarizações orgânicas recorrentes à situação de violência emocional vivenciada e como pode-se fazer uma campanha de combate ao “assédio moral”, que acontece não só na relação de trabalho, mas também em família, na comunidade, nas instituições religiosas, nas escolas na relação professor x aluno, nos espaços públicos, nas relações com os gestores e no atendimento aos usuários, em relação às intolerâncias religiosas e  de gênero, aos homossexuais, aos negros, entre outros. Lembrando inclusive sobre a campanha do SINDJUSTIÇA com outdoor em pontos da estrada da via light que perpassa várias cidades da Baixada, onde estava escrito “Assédio Moral Mata: Denuncie”.

O Sindicato dos Psicólogos – SINDPSI-RJ, lembrou a continuidade dos Encontros Sindicais em parceria com as categorias dos  Assistentes  Social através do SASERJ e outras, que será divulgada em breve, para a continuidade das lutas por melhorias da qualidade de vida dos profissionais na região.
O Cine Psi é Promovido mensalmente pela Comissão Gestora da Subsede Baixada desde 2010, este é um importante espaço de encontros, trocas de ideias, experiências e reflexão ética sobre a prática profissional entre psicólogas (os), estudantes de Psicologia e profissionais de áreas afins.

Os próximos eventos no mês de março terão uma programação intensa junto a parcerias na região e serão em homenagem ao “Dia Internacional da Mulher” onde a Subsede Baixada está organizando junto aos Centros de Referências de Políticas Públicas para Mulheres, um seminário com o tema: “A violência contra a Mulher e Políticas Públicas”, compondo a programação com vários eventos organizados pelas Coordenadorias de atendimento às Mulheres em situação de violência das Prefeituras de  Nova Iguaçu, Nilópolis e demais cidades da Baixada e também junto ao Centro Integrado de Atendimento à Mulher do Estado do Rio de Janeiro (CIAM-RJ). Vejam em breve a programação no site do CRP-RJ e facebook da Subsede.

A cobertura completa dos eventos realizados na Subsede Baixada está disponível no site do CRP-RJ. Acesse www.crprj.org.br/noticias e Face book: Subsede Baixada CRP-RJ

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Fevereiro de 2015



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