O último ‘Cine Psi Baixada’ do ano 2014, em sua 44ªedição, organizado pela Comissão Gestora do CRP-RJ/Subsede Baixada, debateu sobre ‘Psicologia, Religião e Laicidade’. Ele foi realizado na segunda semana de dezembro (quinta-feira), dia 11 de dez, às 17h30min, no auditório da Subsede do CRP-RJ na Baixada, localizada em Nova Iguaçu. Durante o evento, foi exibido o filme “Alabê de Jerusalém”, de Altay Veloso, e, em seguida, houve um debate instigado por José Henrique Lobato (CRP 05/18767), psicólogo, doutor em Psicologia Social/UERJ e conselheiro do CRP-RJ, Remy Damasceno Lopes (CRP 05/27043), psicóloga e mestre em Psicologia Social, e Sandra Aparecida Gurgel Vergne, pedagoga, mestranda em Ciências da Religião pela PUC/SP.
Iniciou-se o debate coordenado pela Conselheira e integrante da Comissão Gestora da Subsede Baixada, Viviane Martins, dando a palavra ao debatedor conselheiro do CRP-RJ, José Henrique. Em sua fala, José Henrique Lobato, expôs que o CRPRJ faz parte de um GT nacional de Psicologia e Laicidade do CFP e defendeu que debater o assunto das religiosidades e da laicidade, deve se tornar frequente na psicologia devido a sua relevância no que tange as construções subjetivas e afetivas que as mesmas trazem. Na avaliação do psicólogo, os profissionais de psicologia devem estar menos preconceituosos e mais abertos à temática, bem como devem referendar a política e as ações de um Estado laico e aberto à diversidade seja de que ordem for. A laicidade do Estado favorece, inclusive, a manutenção dos diversos credos e a liberdade de expressão e de culto, bem como reitera a independência e autonomia do Estado em relação a qualquer conotação de cunho religioso.
O psicólogo Remy Damasceno também afirmou que essa discussão sobre psicologia e laicidade é importante porque vai fazer com que o profissional de psicologia consiga separar sua crença de seu fazer profissional. Não que sejam necessariamente contraditórios, mas possuem bases teóricas e objetivos distintos. Ele disse ainda que esse diálogo entre os profissionais e o tema da laicidade não pode ser negado e ignorado, ao contrário, necessita ser ampliado. Afirmou ainda que o tema da religião deveria ser incluído nos cursos de psicologia – caminho interessante para a construção do respeito entre diferentes. Remy expressou que os ensinos bíblicos constituem o fundamento para a fé cristã, não para a psicologia. Assim, não há como cogitar a existência de uma Psicologia Cristã. Seria como cogitar a existência de um Cristianismo Psicológico, ou Sociológico, comparou Remy. Isso decorre, afirmou, por possuírem fundamentos distintos, sem considerar semelhanças e distinções.
Para Sandra, pedagoga e mestranda em Ciências da Religião, as Ciências da Religião apontam para a necessidade da reflexão, discussão do grande tema que é a laicidade e a religiosidade. O Estado tem que ser laico, mas as pessoas que vivem no Estado laico são pessoas religiosas. A não discussão livre sobre o tema não tem resolvido os efeitos da tensão entre a discussão acerca do Estado laico. É necessário que os profissionais também quebrem o preconceito sobre a cultura africana. “Precisamos descontruir e quebrar estereótipos de demonização das religiões de matriz africana, e não fazer aproximações indevidas. É necessário esvaziar-se de seus conceitos para entender a cultura do outro. Temos que discutir como são criados os mitos, as verdades, qual seria a verdade, a psicologia precisa discutir isso”, completou.
Durante o debate com os profissionais, informaram que este é um tema muito relevante e ficou previsto uma nova exibição deste Cine Psi com os mesmos convidados nas Faculdades de Psicologia da região. Ao final do debate, houve uma confraternização de final de ano com os profissionais presentes.
O próximo Cine Psi, em sua 45ª edição será tratado o tema sobre “Assédio Moral”, no dia 03 de fev, 3ª feira, sendo convidados os representantes sindicais, SINDPSI-RJ, SASERJ, entre outros.
Janeiro de 2015