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Psicólogas (os) e estudantes marcam presença na segunda mesa de debates da 8ª Mostra


Data de Publicação: 3 de setembro de 2014


090314b_1 090314b_2“Práticas Clínicas e Institucionais em espaços públicos e privados” foi o tema da segunda mesa de debates da 8ª edição da Mostra Regional de Práticas em Psicologia, no dia 28 de agosto.

Mediada por Vivian de Almeida Fraga (CRP 05/30376), psicóloga, mestre em Psicologia Social pela UERJ, consultora e pesquisadora em Psicologia e Políticas Públicas e conselheira do CRP-RJ no XII e XIII Plenários, a mesa contou com a participação de Pilar Belmonte (CRP 05/7190), psicóloga, professora e pesquisadora da Escola Politécnica da Fundação Oswaldo Cruz, e Janne Calhau Mourão (CRP 05/1608), psicóloga Clínica-Institucional, membro da Equipe Clínico-Política do Rio de Janeiro e presidente da Comissão Regional de Direitos Humanos do CRP-RJ.

Dentro da temática da mesa, Pilar, que foi coordenadora de Saúde Mental do Rio de Janeiro entre 2009 e 2012, falou sobre a importância da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do município, onde, segundo ela, “o psicólogo tem amplo espaço para atuar e exercer a sua clínica”. De acordo com ela, a RAPS representa uma importante política pública, pois “possibilita uma porta de entrada do usuário para a rede de serviços, colocando os atores dessa política para atuar na lógica da atenção psicossocial, que é a lógica do acolhimento”.

A psicóloga citou também o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) como um dispositivo estratégico dentro da RAPS. “Os CAPS possuem um número muito significativo de psicólogos, e, por todas as potencialidades desse espaço, afirmo que é um lugar de se fazer clínica; porém, uma clínica diferenciada, que chama pela criatividade do profissional para ajudá-lo a superar os diversos desafios que se fazem presentes. Digo isso porque nosso olhar clínico é desafiado a todo o momento nos CAPS, o que nos faz lançar mão de outras ferramentas para acolher as demandas cotidianas”.

Pilar falou, ainda, das comunidades terapêuticas. Conforme explicou, dentro da política que institui a RAPS, está prevista a inclusão das comunidades terapêuticas na rede de atenção psicossocial, dentro do componente de atenção residencial de caráter transitório, desde que cumpram uma série de requisitos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

“A política nacional prevê que as comunidades terapêuticas que conseguirem transformar-se em dispositivos de saúde, de acordo com os requisitos do Ministério da Saúde (MS), podem pleitear cadastramento junto ao MS. Atualmente, contudo, ainda não há comunidades terapêuticas reconhecidas pelo MS em nosso país”, afirmou a psicóloga.

“As comunidades terapêuticas que hoje existem não se adéquam às exigências do MS, ou seja, não apresentam os critérios necessários para serem compreendidas como um serviço de saúde para o qual possamos encaminhar os usuários da rede”, reiterou.

Janne, por sua vez, abordou o cenário histórico-político do período da ditadura civil-militar brasileira (1964-85) e, a partir de relatos reais de vivências relacionadas a práticas de tortura e violação de Direitos Humanos, naquele período e atualmente, buscou analisar as interfaces éticas entre a prática clínica e sua dimensão política.

“A prática da clínica política não tem a ver somente com trabalhar com pessoas que sofreram violações de direitos humanos – de evidentes implicações políticas. Transitar pela interface clínico-política tem a ver também com algo que deve fazer parte de nossa prática cotidiana. Somos profissionais de Saúde Mental, lidamos com modos de produção de subjetividade, com modos de experimentação e de construção de realidades, devemos realizar análises críticas das formas instituídas – o que nos compromete politicamente, mesmo em nossos consultórios particulares. Toda prática clínica é, sem dúvida, uma prática política”.

Destacou que “as subjetividades podem ser constituídas de forma hegemônica ou de forma singular, crítica”. Disse, ainda, que “quando se fala de produção de subjetividades, não estamos falando apenas de acontecimentos da infância, de relacionamentos familiares ou de componentes biológicos, mas também de relações com a cidade, com os meios de comunicação, com as novas tecnologias, com a violência institucionalizada, com as políticas de Estado.”

“Acreditamos que a clínica só pode ser entendida, vivida, como eminentemente política, resultado da problematização e da superação da dicotomia entre o individual e o coletivo, entre o psicológico e o social, entre o individual e o coletivo. A clínica se dá numa relação com os acontecimentos, que ultrapassam a vivência individual, abrindo-se para sentidos existenciais coletivos. Por isso, a clínica está nas interfaces; ela está no entre, não dentro ou fora do sujeito”, disse Janne.



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