O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-05), por intermédio da Divisão de Psicologia do DEGASE (Departamento Geral de Ações Socioeducativas), se reuniu no dia 28 de maio, por volta das 14h, com as psicólogas e os psicólogos que atuam no DEGASE. O espaço para a conversa foi na própria sede do CRP-RJ, dando início ao ‘Dialogando com o CRP-RJ’, a mais nova iniciativa do Conselho.
As palestrantes convidadas para esta primeira etapa do ‘Dialogando com o CRP-RJ’ foram: a professora Doutora Maria Helena Zamora e a Psicóloga Graziela Contessoto Sereno. José Novaes, Conselheiro presidente do CRP-RJ, iniciou a conversa falando sobre a importância que são essas atividades que põe o CRP-RJ em diálogo direto com a categoria. “Esse é um evento que reúnem psicólogas (os) do DEGASE. Na próxima quarta, terá novamente um evento preparado pelo CRP sobre o trabalho no Sistema Único de Serviço Social (SUAS)”, disse.
O Conselheiro Alexandre França agradece a presença das palestrantes e explica mais um pouco sobre este novo espaço. “Esta é uma nova forma de conversarmos abertamente com a categoria sobre temas da prática da Psicologia. Na próxima semana, iremos falar sobre o SUAS. Já em julho, o tema será sobre igualdade de gênero”, afirmou.
Logo depois, Graziela começou o debate e falou da importância que é discutir o tema escolhido: Sistema Socioeducativo. “O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), é pautado na garantia dos Direitos Humanos, a propostas dele é que cada caso seja visto de forma individualizada: Como trabalhar a singularidade desse adolescente dentro dos Direitos universais e dos Direitos humanos? O SINASE coloca a criança e o adolescente agora como sujeito de direitos e não mais como objeto de intervenção. Nós precisamos ficar atentos a isso”, disse.
Ainda de acordo com Graziela, o adolescente e a família devem participar agora de todo o processo de construção do Plano Individual de Atendimento (PIA), sendo este um desafio a ser encarado pelos profissionais de Psicologia. “A gente ainda vê essa família distante, fora do processo, mas agora ela é parte dessa construção. Além disso, temos o encontro da Psicologia com o Poder Judiciário, isso significa que temos que avaliar bem o que estamos produzindo enquanto Psicólogos, pois nossos documentos são lidos pela Justiça. Com isso, qual será a utilidade desse documento? Que utilização o Judiciário fará dele? Além de levar em conta que o próprio adolescente e seus familiares vão ter acesso ao documento”, completou.
Maria Zamora afirmou também que é necessário estabelecer diálogo para avaliar as práticas, conhecer o adolescente e a família. “Ver significa retirar todas as ideias, imagens, discursos que já estão depositados sobre ele. Se ele não percebe que não vai ter um encontro de verdade, ele vai arrumar um jeito de colocar você longe”.
Historicamente esses adolescentes sempre estiveram fora dos planos do país. Quando ele era filho de escravos, ele era proibido de estudar. Hoje tudo continua igual, ele é proibido, é vetado, é um impeditivo. “Temos escolas populares que não são feitas para eles, não temos uma escola que o inclua. Temos escolas que se dizem populares, mas é para os mais comportados”, falou Zamora.
Outro questionamento posto em debate foi sobre o padrão que a sociedade tem da família, padrão que os profissionais de Psicologia acabam reproduzindo. “O que é uma família estruturada? Temos como base uma família patriarcal, heterossexual, com uma centralidade masculina. Quando atendemos um adolescente que foi cuidado por uma senhora de idade, será que a gente não anota: família irregular, família constituída por avó? Questiono como eles não podem cuidar de crianças?”, concluiu Zamora. Ao final do bate papo, os profissionais tiraram dúvidas, fizeram questionamentos, trocaram experiências. A Conselheira Jane Calhau, da Comissão de Direitos Humanos do CRP-RJ, encerrou o primeiro ‘Dialogando com o CRP-RJ’ agradecendo todos os profissionais que participaram do encontro.