Faleceu, no dia 24 de novembro, em Budapeste (Hungria), Antonius Benkö, sacerdote jesuíta que foi um dos pioneiros na regulamentação da Psicologia no Brasil e um dos responsáveis pela fundação do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e pelo desenvolvimento do primeiro curso de pós-graduação do país na área.
Nascido no ano de 1920, na cidade de Parks, Hungria, Antonius Benkö ordenou-se padre em 1947, mas iniciou sua formação acadêmica em 1944, com o curso de Licenciatura em Teologia em Szeged (Hungria), concluindo-o em 1948 na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma.
De 1949 a 1951, cursou Licenciatura em Psicologia na Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, onde, em 1954, cursou também o doutorado em Psicologia Aplicada, investigando a prática do exame psicológico dos candidatos à vida sacerdotal.
Apesar de ter formação também em Filosofia pela Universidade Católica de Louvain (1950), foi na Psicologia que Antonius Benkö encontrou sua paixão e teve atuação destacada.
Atuação no Brasil
Era 1954 quando Pe. Benkö migrou para o Brasil, onde fixou residência por mais de vinte anos. O sacerdote católico lecionou até 1959 na Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira, em Nova Friburgo, estado do Rio, e em 1957 tornou-se membro do corpo acadêmico da PUC-RJ, onde atuou como diretor do Instituto de Psicologia Aplicada (IPA) e como professor de Psicologia e Orientação Educacional.
A partir de então, Pe. Benkö empreendeu uma série de reformulações no IPA, modificando a estrutura e a duração do curso de Psicologia e introduzindo na grade curricular disciplinas como Psicanálise, que, na época, recebeu o nome de Psicologia Profunda.
Em 1960, criou o Centro de Orientação Psicopedagógica (COPP), origem do atual Serviço de Psicologia Aplicada (SPS), presente em todas as faculdades de Psicologia do país.
Defensor da regulamentação do exercício da Psicologia no Brasil, Pe. Benkö foi o redator, em 1957, da proposta de criação da carreira de psicólogo em nosso país, fato que se tornaria oficial cinco anos mais tarde, em 1962.
O sacerdote húngaro foi também presidente e vice-presidente da Associação Brasileira de Psicologia Aplicada em 1964 e 1967, respectivamente, e fez parte do I Plenário do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (1974/1975) como conselheiro vice-presidente.
Pe. Benkö mudou-se para a Áustria em 1975, renunciando à cidadania brasileira, adquirida em 1959, para naturalizar-se austríaco, e desde 1996 lecionava na Universidade Católica Pázmány Péter, em Budapeste.
No Brasil, teve mais de 20 livros e artigos publicados e, mesmo depois de partir para a Áustria, acompanhava de perto as discussões acadêmicas relacionadas à Psicologia no Brasil.
A Revista de Psicologia Normal e Patológica foi seu principal veículo de publicação dos escritos no Brasil, com destaque para os artigos “Aspectos psicológicos da vocação religiosa e sacerdotal” (1961), no qual investigava a utilização de métodos psicológicos para o exame de candidatos ao sacerdócio, e “Pseudo-debilidade mental” (1966), relatando um diagnóstico de criança com problemas mentais e propondo a utilização de um olhar multidisciplinar sobre o caso. É da autoria de Pe. Benkö também o consagrado livro “Psicologia da religião”, publicado no Brasil em 1981.
É com grande pesar que o CRP-RJ comunica o falecimento de tão importante figura da história da Psicologia brasileira que, com sua inestimável contribuição, impulsionou o desenvolvimento da Psicologia, como ciência e profissão, em nosso país.