Na manhã de 5ª feira, dia 15 de agosto, a VII Mostra deu continuidade às apresentações dos trabalhos e de mesas temáticas inscritas pelos profissionais e estudantes de Psicologia. Ao todo, foram 24 trabalhos apresentados e cinco mesas temáticas.

Apresentação de trabalhos no 3º dia de evento
Um grupo de psicólogos inscreveu e apresentou uma oficina no formato de peça teatral chamada “Depois que meus pais se separaram”, que retrata a crise vivida pelas crianças durante a separação dos pais.
À tarde, a programação da VII Mostra contou com uma mesa de debates que trouxe como tema “Internação Compulsória e Redução de Danos”. Fizeram parte dessa mesa Luciano da Fonseca Elia (CRP 05/4104), psicólogo, pós-doutor em Psicologia e professor da UERJ, eJúlio César de Oliveira Nicodemos (CRP 05/34432), psicólogo, mestrando em Teoria Psicanalítica pela UERJ e coordenador da Equipe de Referência Infanto-Juvenil para ações de Atenção ao Uso de Álcool e Outras Drogas (ERIJAD).

Internação compulsória e redução de danos é tema de mesa de debates
Júlio iniciou sua fala citando a Lei Federal nº 10.216, de 06 de abril de 2001, que assegura os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental e distingue cada um dos modelos de internações existentes. Segundo ele, “a internação voluntária é aquela que se dá com o consentimento do usuário; a involuntária é aquela que se dá quando o usuário não tem condições de responder e é através de uma equipe multiprofissional de saúde mental; e a internação compulsória é aquela que ocorre a pedido da justiça”.
“Há uma massificação da internação compulsória. Existe uma parceria com parte da Prefeitura do Rio com o poder judiciário para internar as pessoas, e este é o problema. Eles se utilizam do argumento de que está na constituição e acabam desconsiderando a lei como instrumento que nos autoriza avaliar cada caso, e, no final das contas, a equipe técnica vai dizer se interna ou não aquele cidadão”, disse.
Em contrapartida, o psicólogo considera que ficar nessa discussão apenas pode ser uma armadilha, pois essa reflexão leva a outro questionamento: “por que tantas comunidades terapêuticas irregulares vem brotando cada vez mais em nosso país?”.
Quanto à redução de danos, o psicólogo finalizou afirmando que ela não deve ser pensada como uma prática de reduzir a contaminação do HIV, por exemplo. “A redução de danos no Brasil pode ser pensada como uma prática de cuidados aos usuários de drogas, mas não só aos usuários de drogas, até porque o uso de drogas nem sempre é o maior dos problemas da vida deles”.
Luciano, em concordância com a fala de Júlio, fez uma observação que considera extremamente fundamental. “A problemática das drogas, que hoje é concentrada no crack, é uma problemática totalmente ligada à realidade psicossocial dessas pessoas, disso ninguém duvida”.
O psicólogo fez críticas também ao fato de a política brasileira fechar os olhos para tantas problemáticas dentro dessa discussão. “Por que a política insiste obstinadamente em ignorar o que ela sabe? Porque todo mundo sabe que a melhor maneira da abordar essas pessoas é através de consultórios de rua. Onde estão os investimentos bilionários destinados a unidades terapêuticas? Acreditamos que ainda não houve solução por que essa é uma política que, segundo o Estado, não traz lucro”.