Com o tema “Diversidade sexual e combate à homofobia”, a Comissão Gestora da Subsede do CRP-RJ na Baixada Fluminense promoveu, no dia 18 de junho, o 32º Cine Psi em Nova Iguaçu com participação de muitos profissionais e estudantes de Psicologia.
Na abertura do evento, Vanda Vasconcelos (CRP 05/6065) aproveitou para agradecer a conselheira presidente da Comissão de Comunicação Social do CRP-RJ, Ágnes Cristina da Silva Pala (CRP 05/32409), pelo trabalho que tem sido desenvolvido, juntamente com a equipe da Comissão, de apoio às subsedes do Conselho.
Vanda falou ainda da apresentação de trabalhos dos (as) psicólogos (as) da região na Pré-Mostra de Práticas em Psicologia a ser realizada na subsede da Baixada como evento preparatório para a VII Mostra Regional de Práticas em Psicologia, que será realizada entre 30 de julho e 2 de agosto na Universidade Veiga de Almeida, na Tijuca, Rio de Janeiro.
Em seguida, foi exibido o documentário “Basta um Dia”, que relata a vida de travestis e homossexuais da Baixada Fluminense e destaca seus desafios cotidianos. Dentro dessa temática, foi promovido um debate coordenado por Juliana Gomes da Silva (CRP 05/41667), mestranda em Psicologia Social pela UFRRJ e colaboradora da Comissão Gestora da Baixada Fluminense, e conduzido por Kleber Luiz Gonzaga (CRP 05 42679), psicólogo concursado da Prefeitura de Nova Iguaçu e membro da Coordenação de Combate à Intolerância e Desigualdade; Viviane Siqueira Martins (CRP 05 32170), colaboradora da Comissão Gestora e pós-graduada em Sexualidade e Gênero pela UERJ/CLAM; Priscila Bastos (CRP 05/33804), psicóloga, colaboradora do CRP-RJ, militante do movimento LGBT e membro do Conselho Estadual LGBT; e George Oliveira Santos (CRP 05/ 38803), diretor do Sindicato dos Psicólogos do Estado do Rio de Janeiro para o triênio 2013/2016, mestre em Psicologia em Avaliação Psicológica e pesquisador da UFRJ.
George iniciou o debate tratando da importância de o psicólogo saber enxergar o outro, respeitando e não querendo mudar o há de diferente nele. “Até porque, quando nos formamos em psicólogos, em nossa carteira profissional não está ‘psicólogo fulano de tal – Hétero ou Psicólogo fulano de tal – Homossexual’. Ele é homossexual, ele é negro? Em que ponto isso te incomoda?”, questionou ele.
Kleber abordou a questão da lei que propõe a “cura gay”, aprovada no dia 18 de junho pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Segundo ele, “quando é dito que querem que o psicólogo possa curar o homossexual, eles estão dizendo que o psicólogo tem o ‘poder’ de fazê-lo, é isso que precisa ser revisto”.
Kleber destacou ainda que “o travesti, diferente do homossexual, expõe sua sexualidade muito forte e é por isso que ele é alvo de ódio. É sempre muito difícil para eu falar sobre o assunto, pois já pude ver pessoas sendo horrivelmente agredida por ser única e exclusivamente uma pessoa homossexual.”
Priscila destacou que além da homofobia, o filme aborda também a questão da transfobia, a qual, segundo ela, “é uma questão que nós e nosso Estado confundimos tudo, homofobia é uma coisa e transfobia é outra. Gosto de especificar, pois são questões diferentes e específicas a cada grupo. As pessoas transexuais têm primeiramente a necessidade de existir e muito do que acontece com eles mostra que não estão inseridos na sociedade”.
Retomando a questão da suposta “cura gay”, Viviane ressaltou que a preocupação do olhar da sociedade frente a esse projeto de lei aprovado. “Será que, quando um adolescente disser para os pais que ele é homossexual, o pai o encaminhará ao psicólogo porque esse profissional tem o poder de curar? O psicólogo deve ter um olhar de pesquisador, entender o que está acontecendo com a sociedade, quais são os efeitos que tais situações causam no indivíduo e não nos restringirmos a curar gays e deixar de lado outras questões que são pertinentes a nossa profissão”, afirmou.
A psicóloga acrescentou também que “ser psicólogo é algo muito dinâmico. Esse profissional deve estar aberto a tudo independente de religião, pois, no exercício da profissão, essas crenças e convicções devem ser distanciadas para que o psicólogo consiga enxergar o outro e não enquadrar todos em uma única situação, visto que, quando há esse enquadramento, automaticamente você começa a discriminar quem não está no contexto.”
Ao final, foram anunciados os próximos eventos da subsede: a Pré – Mostra Regional de Práticas em Psicologia, que acontecerá no dia 2 de julho, e a próxima edição do Cine Psi – Baixada, no dia 16 de julho, que terá como tema “As manifestações de Ruas e as Políticas Públicas”.