Na tarde chuvosa da última sexta-feira, dia 17 de maio, foi realizado o Ato Público do Dia Nacional da Luta Antimanicomial, na Praça XV, centro do Rio Janeiro. Participaram em média 400 pessoas. Este ano com o tema “Pelas ruas e becos da cidade e liberdade – não à privatização e encarceramento da vida”, a tarde foi marcada pela presença de psicólogos, movimentos sociais, músicos, sem contar na presença dos usuários de saúde mental. E o Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ), que abraça e apóia esta luta, também estava lá!
O Ato é uma idealização dos profissionais de Saúde Mental que surgiu na década de 80. Em seu primeiro momento, o movimento lutava pela tentativa de humanização dos hospitais psiquiátricos, anos mais tarde, eles perceberam que não havia como fazer esta implantação, então a luta passou a ser por uma sociedade sem manicômios. Hoje a proposta é a reformulação do modelo assistencial em Saúde Mental e a reorganização dos serviços da área, privilegiando equipes multiprofissionais e atendimento fora do hospital.
Estiveram presentes bandas, grupos musicais compostos por usuários de Saúde Mental. “Artistas loucos antimanicomiais” – pessoas que de alguma maneira se identificam como loucos, e dizem não à privatização e encarceramento da vida. E com o intuito de mostrar que todas as pessoas têm um pouco de loucura em si, bandas como a “Roda de Samba ManÉ Garrincha”, “Loucura Suburbana”, “Harmonia Enlouquece”, “Hip Hop da Rocinha”, e alguns poetas também passaram por lá e abraçaram a luta.
Esse grupo se reúne em prol deste movimento. “É um dia especial, pois estamos querendo lembrar sobre a política higienista impostas por autoridades do nosso país, traduzidas pelas internações compulsórias, pela precarizaçäo do serviço público de saúde, e privatização da vida e queremos mostrar o quanto à cidade está encarcerada. A gente vem tentando mostrar uma outra luta”, diz Melissa Oliveira.
Profissionais e usuários do CAPS – Centros de Atenção Psicossocial, Clarice Lispector de Engenho de Dentro, também participaram da organização do ato. “O interesse é o de despertar na sociedade o interesse pelo o que simplesmente é visto e muita das vezes não é notado”, como diz o poema de um dos usuários de Saúde Mental, que recitou no evento.
Barraquinhas de camisetas com mensagens antimanicomiais e artigos em geral espalhadas pela praça, arrecadavam fundos para promover melhorias às enfermarias do IPUB e PINEL da UFRJ. “Este ano viemos às ruas para lembrar que devemos ocupar a cidade com nossa loucura, com nossa arte, com nossa força, nossa militância, nossa beleza, lembrar que somos todos artistas loucos que ama a vida”, completa Melissa.
Fica o convite para os que querem abraçar esta luta: Reuniões de Movimentos Antimanicomiais. Elas são realizadas no Sindicato dos Médicos, toda 2ª quarta-feira do mês às 18h e última sexta-feira do mês às 14h, na Avenida Churchill, n 97 10º andar Castelo / Rio de Janeiro.
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