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31º Cine Psi Baixada debate Dia da Luta Antimanicomial


Data de Publicação: 21 de maio de 2013


Em comemoração ao dia 18 de maio – Dia Nacional da Luta Antimanicomial – a Comissão Gestora da Subsede do CRP-RJ da Baixada Fluminense promoveu, nessa terça-feira, dia 21 de maio, mais um Cine Psi. Com tema “Psicologia e Saúde Mental”, a 31ª edição do Cine Psi contou com a participação de diversos profissionais e estudantes de Psicologia da região.

Houve a exibição do filme “Casa dos Mortos”, que denuncia o perverso cotidiano dos internos de um manicômio judiciário da Bahia, no qual muitos permanecem presos sob péssimas condições, alguns sofrendo inclusive maus tratos e castigos físicos.

Após o filme, houve um debate coordenado por Viviane Siqueira Martins (CRP 05 32170), colaboradora da Comissão Gestora, e que teve também a participação de Celso de Moraes Vergne (CRP 05/27753), doutorando em Psicologia Social pela PUC e membro da Comissão Gestora da subsede da Baixada, Richard Harrison Oliveira Couto (CRP 05/43648), doutor em Psicologia e supervisor clínico do Serviço de Saúde Mental de Nova Iguaçu, Ana Lúcia Borges Ribeiro (CRP 05/27122), superintendente de Saúde Mental de Nova Iguaçu, Juliana Gomes da Silva (CRP 05/41667), colaboradora da Comissão Gestora da subsede da Baixada e representante do CRP-RJ no Conselho Municipal de Assistência Social de Nova Iguaçu, e George Oliveira Santos (CRP 05/38803), representante do Sindicato dos Psicólogos do Estado do Rio de Janeiro (SINDPSI-RJ).

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O debate teve início com a fala de Richard, que abordou a importância do Movimento de Luta Antimanicomial. “Estamos hoje tentando resgatar um pouco dessa data, que é importantíssima para as políticas públicas de saúde mental em nosso país, mas acaba sendo deixadas de lado pelos grandes meios de comunicação. Se você perceber bem, há em nosso país um movimento de tirar de cena essa data, pois vemos que a mídia não dá a menor ênfase a essa data”, disse ele.

Ele falou ainda sobre a função histórica das instituições manicomiais no mundo. Conforme destacou, “historicamente, os manicômios sempre foram construídos para apartar essa população do restante da sociedade. De certo modo, no Brasil, a tônica sempre foi essa. Isso só começa a ser questionado a partir do Movimento de Luta Antimanicomial, na década de 1980. Nesse sentido, foi feito recentemente um levantamento sobre as pessoas que estão internadas nos manicômios judiciários e detectou-se que a maioria delas não deveria estar lá”.

Juliana, por sua vez, abordou a importância social do Movimento de Luta Antimanicomial. “O dia 18 de maio é, sobretudo, uma luta pela cidadania. Isso porque as pessoas internadas não estão sendo vistas como tal, nem pelos técnicos dos manicômios judiciários nem pela sociedade como um todo”.
“Se você perceber”, acrescentou a psicóloga, “muitos hospitais psiquiátricos tem o aspecto de uma prisão, eles na verdade são uma prisão. Os pacientes estão sem o mínimo de tratamento; eles são tratados apenas à base de contenção medicamentosa. Nós precisamos rever esse modelo de internação para usuários de saúde mental e dependentes químicos”.

Ana Lúcia afirmou a necessidade de um trabalho preventivo ser desenvolvido na atuação psi em saúde mental. “Muitos crimes cometidos por usuários de saúde mental poderiam ser perfeitamente evitados se houvesse uma prática continuada de prevenção. É preciso desejar mudanças, mas também trabalhar para que elas aconteçam”.

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“Como superintendente, eu faço visitas técnicas periódicas às comunidades terapêuticas de Nova Iguaçu, e o que percebo é que há grande necessidade de mais investimento e cuidado neste serviço para melhor articulação com a rede socioassistencial da região, de modo que as residências não sejam meros depósitos de pessoas que estão proibidas do convívio em sociedade por conta do uso de substâncias químicas ou porque têm um comportamento diferente que comprometa a socialização”, declarou.

Já George abordou a questão da loucura ao longo da história. Segundo ele, “em algumas sociedades, os loucos eram considerados os xamãs, os líderes que tinham uma visão além da suposta realidade na qual estamos aprisionados. Com o advento industrial, porém, o louco passou a ser inconveniente para a sociedade porque ele não produz. Agora, o que venha a ser a loucura nos dias de hoje? O sujeito louco não trabalha nem produz e, portanto, é um peso social: por isso as famílias têm dificuldade em lidar com eles e por isso também que a Luta Antimanicomial vem propor um grande desafio”.

O representante do SINDPSI-RJ questionou ainda a inserção da Psicologia no campo de atuação da saúde mental. “O que nós, psicólogos, temos feito diante desse chamado da Luta Antimanicomial? Nossa presença nas casas de saúde mental ainda é muito incipiente. Se percebermos bem, o profissional que está sempre lá é aquele que dá o remedinho. O que nós temos feito, a partir disso, para mostrar como nosso trabalho é útil e necessário? Nós temos de parar de problematizar e começar a agir”.
Celso, por sua vez, realizou um panorama da construção da loucura e sua subjetividade, colocando em questão o que é a loucura. Já a integrante da Comissão Gestora Vanda Vasconcelos abordou a exclusão social como fonte da loucura, reportando a cenas do filmes dentro do manicômio, onde o sofrimento humano pela sobrevivência e seus impactos mediante as frustrações deste sociedade capitalista, que naturalmente gera o adoecimento das pessoas e a importância dos profissionais estarem em espaço de debate como forma de fortalecimento da categoria psi, estudante, parceiros e comunidade.
Vanda informou também que a próxima exibição do Cine Psi, a ser realizado dia 18 de junho, terá a temática da diversidade sexual e o combate à homofobia. Ela ressaltou também a preparação para a Pré- Mostra de Práticas de Psicologia com apresentação de trabalhos da categoria na Subsede no dia 2 de julho, como forma de estimular os psicólogos e estudantes a apresentarem seus trabalhos durante a  VII Mostra Regional de Práticas em Psicologia, que acontecerá no final de julho no Rio.
O Cine Psi Baixada é uma iniciativa da Comissão Gestora da subsede do CRP-RJ em Nova Iguaçu e, desde que foi criado, em 2010, vem fomentando debates e reflexões sobre as práticas psi nos mais diversos campos de atuação da Psicologia. Esses encontros acontecem mensalmente, sempre às terças-feiras.

Fique ligado no site do CRP-RJ para saber mais sobre os próximos encontros.

 



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