Passeato realizado por psicólogos e outros profissionais de saúde em frente ao CAPS-AD Mané Garrincha, Rio de Janeiro
No dia (12) de abril, por volta das 11h, por ocasião da realização I Congresso Brasileiro de CAPSI (Centros de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil), psicólogos e outros profissionais de saúde se reuniram para um abraço simbólico em frente ao CAPS-AD Mané Garrincha, próximo à Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). O objetivo foi protestar contra as internações compulsórias, à privatização da saúde, em defesa das políticas de Atenção Psicossocial dentre outras demandas em relação à saúde pública. Estes mesmos profissionais estavam participando do I Congresso Brasileiro de CAPSI (Centros de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil) que ocorreu também na UERJ naquela semana.
Com cartazes e carros de som, as mais de 200 pessoas pediam por uma saúde pública de qualidade. Carolina Alves de Oliveira, que estava na manifestação representando o Fórum de Saúde do Rio de Janeiro, falou sobre a importancia de uma luta unificada. “O nosso fórum vem com o esforço de articular essa luta. A gente tem visto que esta política de internação compulsória é um total desrespeito aos usuários de drogas. O estado usa esse termo de comunidade terapêutica para designar uma intervenção que não tem nada de terapêutico. Esta é mais uma forma de privatização da saúde, que tira o estado de suas responsabilidades e passa ir para o mercado”, disse Carolina.
De acordo com Laura Geszti, trabalhadora de Saúde Mental do Município de Niterói, que também participou da organização do Passeato, a idéia era mobilizar os profissionais que participavam do ConCapsi a respeito das ações dos governos Estadual e Municipal que vem desmontando à lógica da Atenção Psicossocial na esfera pública, como é o caso das internações compulsórias como estratégia de política de massa, “estavam nesse congresso profissionais do campo da saúde mental do país inteiro. Um dos nossos focos era fomentar uma ação de repudio ao projeto de lei 7663, que representa um grande retrocesso para o tratamento dos usuários de drogas, assim como para as conquistas da reforma psiquiátrica no país”, afirmou Laura. Ainda segundo ela, estavam no congresso aproximadamente 1.500 pessoas. “Começamos o movimento de forma muito genuína e depois fomos entrando em contato com os movimentos sociais já existentes na cidade como a Frente Estadual de Drogas e Direitos Humanos, o núcleo estadual do movimento da luta antimanicomial. A partir desse pequeno núcleo conseguimos ampliar esse debate. Saímos do congresso e fomos para o Passeato. O que foi uma resposta em ato do que acreditamos ser a direção do tratamento para a clientela de álcool e outras drogas, a saber, os dispositivos territoriais (consultórios de rua, CAPS).”, concluiu.
Antonio Henrique Campello, que faz parte da assessoria do Gabinete do Vereador Renato Cinco, também esteve no ato e afirmou que a internação forçada é uma forma de criminalização da pobreza. “Essa política é de criminalização do pobre, o foco é a população em situação de rua. Tudo isso vai ao encontro dos interesses do grande capital dentro de um projeto de cidade. Aqui no Rio esta política tem acentuado cada vez mais para atender a especulação imobiliária. Além disso, tem muita gente ganhando dinheiro com a privatização dos espaços públicos da cidade”, falou.
O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ) também esteve na organização do Passeato com a presença da Assessora Técnica Fernanda Haikal Moreira (CRP 05/34248), do Centro de Referência em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop). Fernanda destacou a importância do Conselho e dos movimentos sociais pautarem e ampliarem este tema.