Em sua 30ª edição, o Cine Psi – Baixada, promovido todos os meses pela subsede do CRP-RJ em Nova Iguaçu, mobilizou, no dia 9 de abril, profissionais e estudantes de Psicologia da Baixada Fluminense com debates sobre Psicologia, trânsito e mobilidade urbana.
Iniciando o encontro, foram exibidos dois documentários relacionados à temática. “Psicologia do Trânsito: uma prática além da avaliação psicológica”, que retrata o cotidiano de atuação do psicólogo nesse campo, e “Psicologia do Trânsito”, que aborda o comportamento violento do condutor utilizando como instrumento lúdico os desenhos animados da Disney.
Após a exibição dos documentários, foi dado início à fala da mesa de debates, que contou com a participação de Lucileia da Silva Araújo (CRP 05/21628), psicóloga atuante em Psicologia do Trânsito, Janaína Sant’Anna (CRP 05/17875), psicóloga colaboradora do Grupo de Trabalho de Psicologia, Trânsito e Mobilidade Urbana do CRP-RJ e membro do Conselho Estadual de Trânsito e da Comissão Cidadã do DETRAN, e Cristiano Rodrigues (CRP 05/), psicólogo membro do GT de Psicologia, Trânsito e Mobilidade Urbana do CRP-RJ.
Janaína iniciou o debate tratando das estatísticas do trânsito no Brasil. Segundo ela, dados oficiais de 2011 apontam que houve, naquele ano, mais de 40 mil mortes no trânsito no Brasil. “É como se houvesse um acidente a cada 30 segundos no país”, afirmou ela.
Janaína falou também sobre a atuação do psicólogo no trânsito. “A atuação psi nesse campo é urgente e vai para além da avaliação psicológica para obtenção da CNH [Carteira Nacional de Habilitação]. Hoje, grande parte das nossas discussões gira em torno da Psicologia na mobilidade urbana. O psicólogo não precisa restringir a prática da Psicologia na avaliação para a CNH, pois nós temos um espaço grande de inserção na mobilidade urbana”.
A psicóloga fez uma avaliação da situação atual do trânsito no Brasil e como esse quadro interfere na Psicologia. “Há atualmente uma falta de respeito e de responsabilização no trânsito no Brasil e o psicólogo é chamado o tempo todo a dar conta disso. Agora eu pergunto: é a nossa avaliação psicológica que tem de dar conta da segurança no trânsito? Claro que não. Atualmente, temos um instrutor de ensino mal informado, um condutor mal educado e uma legislação que pune e fiscaliza, mas não educa. Onde está o psicólogo nisso?”, questionou ela.
Cristiano falou sobre a atuação do CRP-RJ na área do trânsito e da mobilidade urbana. “No CRP, essa temática já vem sendo acolhida desde 2009, quando tentamos tratar desse assunto de modo mais aprofundado. Em 2009, realizamos uma roda de conversas e, a partir dela, percebemos que a Psicologia do Rio de Janeiro não tem um projeto para a mobilidade urbana. Com a criação do Grupo de Trabalho de Psicologia, Trânsito e Mobilidade urbana, começamos a debater o que o psicólogo pode fazer na área do trânsito e da mobilidade urbana”.
Cristiano afirmou ainda que as discussões com os profissionais que atuam na área permitiram que o GT percebesse que “debater mobilidade urbana é, na verdade, discutir em última instância a cidade em que vivemos e como circulamos por ela. É desejo do GT pensar também, assim que finalizarmos os debates referentes ao projeto da Psicologia para a mobilidade urbana, que tipo de cidade queremos”.
Em seguida, Lucileia abordou mais especificamente a atuação do psicólogo na área do trânsito. “O trânsito é um problema grave de saúde pública, e, contudo, a preocupação do governo é a arrecadação que esse setor proporciona. Com isso, nosso trabalho como psicólogo fica seriamente comprometido. Qual o suporte que nós podemos dar às vitimas do trânsito e a seus familiares? Nós precisamos atuar na perspectiva da transversalidade com os demais profissionais, dialogando inclusive com os psicólogos que atuam em outros espaços”.
A psicóloga falou também sobre a importância das ações do CRP-RJ para a atuação da Psicologia no trânsito. “Acredito que o GT de Psicologia e mobilidade do Conselho seja uma iniciativa muito importante. Precisamos todos participar mais desse debate para conhecer melhor a inserção da Psicologia no trânsito e na mobilidade urbana”.
A seguir, houve um debate no qual os participantes compartilharam experiências e questionamentos e foram abordados ainda temas relacionados ao papel do psicólogo na sociedade e ao papel da avaliação psicológica no trânsito, entre outros.
Atendendo a uma demanda dos participantes do evento, a Comissão Gestora de Nova Iguaçu promoverá, no mês de setembro, outra edição do Cine Psi voltada para a temática da mobilidade urbana, visto que, em 25 de setembro, comemora-se o Dia Nacional do Trânsito.
Após o debate, foi feita uma roda de conversas sobre o VIII Congresso Regional de Psicologia (COREP), que acontecerá entre 19 e 21 de abril no Rio de Janeiro, e a sua importância na criação de diretrizes para os próximos três anos na Psicologia brasileira. Na ocasião, os delegados presentes também fizeram uma breve apresentação pessoal. Lembrando que, no Pré-Congresso de Nova Iguaçu, promovido no dia 19 de março, foram eleitos 20 delegados para o COREP, e, dentre eles, havia um número significativo de psicólogos atuantes na área do trânsito.