Na segunda, dia 25 de fevereiro, por volta das 14h, a presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, Vivian Fraga (CRP 05/30376), iniciou o Pré-Congresso Regional de Psicologia realizado na Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora, em Macaé.
Com aproximadamente 30 pessoas, a mesa de debate foi sobre o tema: Política de redução de danos e Práticas Compulsórias e os desafios na construção de redes. Os convidados para esse debate foram os psicólogos Rodrigo Silva Simas (CRP 05/36848) e Alexandre Vazilesncas (CRP 05/30741).
Rodrigo Simas, que há um ano trabalha com a política de redução de danos com os usuários de drogas na Favela do Jacarezinho, localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro, abriu a conversa e explicou como o tema das drogas passou a ser também um caso de saúde pública.
Para ele, a política pública destinada aos usuários de drogas mostrou ter um avanço quando em 1994 o Conselho Federal de Enfermagem (Confen) adotou a ideia de trabalhar a redução de danos se preocupando com o alto número de transmissão do HIV entre os usuários que se injetavam.
“O Confen, de acordo com as suas diretrizes, decidiu defender a estratégia de troca de seringa. Ele se preocupou com a disseminação de HIV entre os usuários. Bancou isso, já que a disseminação de AIDS estava muito alta entre os usuários de droga injetável. Esta foi a primeira vez o Brasil tomou uma posição vanguardista no sentido de dar conta disso, foi uma estratégia de redução de danos”, disse ele.
Ele alerta ainda que para trabalhar com os moradores de rua e os usuários é preciso conhecer o ambiente, as pessoas, o caso de cada um deles para poder saber como atendê-los antes de fornecer qualquer tipo de serviço. “Na maioria das vezes isso não acontece. É preciso ouvi-los, até mesmo porque nem todos os que estão ali são usuários de crack, muitos deles mostram demandas que não são atendidas.”, completou.
Alexandre Valenskas também falou sobre a redução de danos em diferentes países como Inglaterra e Holanda. Para ele, o que está sendo feito no Brasil com a população de rua é um afastamento dos grandes centros.
“Meses atrás víamos muitos moradores de rua no Centro do Rio, em Copacabana, na Lapa, no Largo do Machado. Hoje, estes moradores de rua e os usuários estão sendo colocados em Santa Cruz. Estas áreas precisam estar ‘bonitas’ para a especulação imobiliária. O recolhimento destas pessoas não tem a ver com saúde pública. Temos estatísticas muito bem claras em relação a isto, não existe nenhuma relação com saúde, é uma especulação imobiliária, o resto da cidade precisa estar ‘limpa’ para isto, é uma mercantilização acelerada. Para o Estado é preciso retirar os pobres destes lugares e levá-los para outros menos visíveis”, afirmou Alexandre.
Logo depois da apresentação dos dois psicólogos, foi aberto o debate e o momento das perguntas. Os psicólogos presentes questionavam o funcionamento de clínicas ou estruturas dessa política de redução de danos ligados ao tema do uso de crack na cidade de Macaé.
Votação de propostas
Já no segundo momento do Pré-COREP, dez psicólogos deram início à votação para as propostas e para os delegados. O regimento foi lido e aprovado. Depois da eleição de delegados, teve início a votação das propostas enviadas pelos psicólogos. Foram quatro propostas enviadas por email, todas elas aprovadas sem qualquer modificação. O tema das propostas estava relacionado à Política de redução de danos e Práticas Compulsórias e os desafios na construção de redes.