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Cine Psi em Nova Iguaçu debate a ‘Medicalização da saúde’


Data de Publicação: 4 de março de 2013


O Cine-Psi realizado uma vez por mês na Subsede do Conselho Regional de Psicologia, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, teve a sua 28° edição com mais de 40 psicólogos presentes na última quinta-feira, dia 26 de março. O tema escolhido para o bate-papo foi ‘Medicalização da Vida’, e as convidadas para provocar o debate foram as psicólogas: Helena Rego Monteiro (CRP05-24180) e Maria Luiza Rodrigues (CRP-05-25904).

Os documentários escolhidos para ser exibido neste encontro foi um do 2° Seminário Regional de Psicologia e Direitos Humanos, promovido pelo CRP-RJ em 2006 com temática voltada para a “Medicalização da Vida”, e o documentário “Medicalização da Vida Escolar”. Após a exibição dos vídeos, houve debate entre os participantes.

Logo depois da exibição dos filmes, Helena se apresentou e falou sobre a importância dos psicólogos terem um olhar crítico sobre a indústria farmacêutica. “É importante a gente definir bem o que a gente chama de medicalização. Temos que pensar nela de uma forma ampla. Temos que pensar de que maneira a racionalidade médica vai invadindo a nossa vida. Não é demonizar o farmo, já que ele é importante pra gente. A descoberta da medicina é excelente, mas a gente não pode deixar de pensar que vivemos numa sociedade capitalista, onde existe uma indústria farmacêutica vendendo o que é de interesse dela”, disse.

Para completar o seu argumento sobre o tema da medicalização, ela citou como exemplo de crianças que são diagnosticadas com déficit de atenção. “Você pega todo e qualquer comportamento que desvie de certo padrão e encaixa num diagnóstico. Depois disso, encaixa no que eles chamam de déficit de atenção e passa remédios desde cedo para essas crianças. E o que se quer é problematizar esse tanto de crianças que tomam remédios”, conclui.

Maria Luiza também traz em sua fala a mesma crítica em relação ao uso abusivo de remédios vendidos pela indústria farmacêutica e com apoio midiático. Ela afirma que atualmente se vende a idéia de que remédios podem curar sentimentos que são normais na vida humana. “O que é mostrado na televisão é bem diferente da vida real. Se mostra em programas televisivos que um simples remédio é capaz de curar uma dor, uma tristeza. Mas a tristeza não é uma doença. Ou seja, esta é uma forma de vender remédios. E este é um modelo de tratamento vendido pela psiquiatria norte-americana. O que não é por acaso”, falou.

Logo depois da apresentação das duas convidadas teve uma roda de conversas para aprofundar o tema sugerido. Os mais de 40 profissionais deram sugestões, participaram do debate. E nesta conversa, alguns psicólogos colocaram ainda o que eles mais encontram dentro dos consultórios hoje, que são pessoas que já chegam auto-diagnosticadas e pedem remédios para “curar” o sentimento de tristeza, ou qualquer um outro sentimento que é natural da vida. Este e outros assuntos foram respondidos e debatidos entre todos durante as três horas de bate-papo.