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A crença religiosa como tema da Psicologia


Data de Publicação: 7 de fevereiro de 2013


José Henrique Lobato Vianna (CRP 05/18767)*

Na história da Psicologia, muitos foram os temas abordados visando a encontrar respostas para os “encontros e desencontros” do homem consigo próprio e com o outro.

A criação das teorias psicológicas nos ajudou ao longo do tempo a entender essa dinamicidade que atravessa a vida humana e um dos temas de destaque nessa construção discursiva foi o da crença religiosa.

Em 1900, em Paris, a Psicologia da Religião foi debatida no IV Congresso de Psicologia e em 1914 foi fundada na Alemanha a International Association for the Psychology of Religion. Em 1997, no Brasil, foi instituído o Grupo de Trabalho da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Psicologia (ANPEPP), dedicado a estudos de Psicologia e Religião.

Tais acontecimentos demonstram que a necessidade de entendermos essa vivência num mundo secularizado e repleto de transformações já há muito tempo se constituiu como um dos temas a serem discutidos pelo universo “psi”.

Pensar essa construção como algo dialógico, repleto de discursos que temos tanto na esfera das experiências e crenças religiosas, bem como no universo das ideias e teorias psicológicas, nos remete à necessidade reflexiva de entendermos até onde o profissional psicólogo pode adentrar no que tange às suas próprias afirmações de fé.

A ética na Psicologia deve ser laica, aberta ao diálogo não somente entre os pares, mas também com toda a sociedade civil. A responsabilidade ético-profissional deve ser pautada na premissa de que a ciência psicológica exerce grande influência tanto no campo social quanto no ideológico e que tal prerrogativa não pode estar subordinada a interesses de ordem sectária.

A discussão do tema é salutar e engrandece na construção desse saber. Cabe-nos discernir, como profissionais, até onde o que se institui no campo discursivo está mais próximo a um monólogo conduzido pelo juízo de valor moralizante do que ao diálogo aberto aos diferentes saberes psicológicos.

* Psicólogo clínico, doutorando em Psicologia Social pela UERJ, mestre em Memória Social pela UNIRIO e ex-conselheiro do CRP-RJ durante os XI e XII Plenários (2004-2010).