Psicólogos, estudantes e representantes de outras áreas se reuniram no último dia 13 para discutir a temática “As possibilidades da psicologia no sistema prisional”, na 14ª edição do Espaço Cine Psi, na subsede Baixada Fluminense do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ). O debate, realizado após a exibição do documentário “O Cárcere e a Rua”, abordou uma das principais bandeiras do Conselho.
Discussão reuniu profissionais e estudantes de diferentes áreas
A psicóloga Denise Malheiros (CRP 05/18051), integrante da Comissão Gestora da Subsede, foi a mediadora do debate, que contou ainda com a participação das psicólogas Lia Yamada (05/30850, conselheira do CRP-RJ) e Vanda Vasconcelos (CRP 05/6065, também da Comissão Gestora).
Além de falar sobre o papel do psicólogo para pessoas em privação de liberdade, a discussão abordou também a participação da sociedade em geral na vida no cárcere. “Acho que foi uma das melhores edições do Cine Psi. Discutimos a importância do psicólogo de se impor diante do sistema. Nós precisamos ter uma visão questionadora sobre isso, para entendermos o nosso papel e tentar encontrar soluções através das nossas ações ou de nossos encontros”, comentou Denise.
Lia Yamada destacou a Resolução 09/2010 do CFP, que foi recentemente substituída pela Resolução 012/2011. Ambas tratam da atuação do psicólogo nas unidades penitenciárias. “Essa temática ainda não tinha sido levada à subsede, e é importante a categoria se aproximar da questão. O documentário foi um disparador para pensar os efeitos maléficos do cárcere e o que ele produz. Pensamos que outras formas de atuação da psicologia são possíveis nesse lugar duro, pra além de fortalecer a lógica da prisão”, afirmou.
Para Vanda Vasconcelos, que trabalhou por quatro anos no sistema prisional, o psicólogo de unidades penitenciárias já está imerso em uma série de situações de violação dos direitos humanos. “Por isso eles deveriam estar protegidos pela resolução 09/2010. Infelizmente o Judiciário a derrubou.A realidade dentro de um presídio denuncia toda uma situação de injustiça social, de contradições da sociedade. Lá podemos perceber o que acontece em relação à criminalização da pobreza”, comentou Vanda.
“Nossa discussão tem de ser para além do cárcere. Do cárcere das nossas práticas de trabalho, da sociedade encarcerada de preconceitos, alienação, desigualdades sociais e de injustiça”, completou a psicóloga.
Para alguns dos profissionais e estudantes presentes, a discussão sobre o cárcere ajuda a amadurecer e a rever a prática e o ensino da profissão de psicólogo e de outros parceiros profissionais. Por conta da boa repercussão das discussões, o tema voltará ao espaço Cine Psi Baixada, desta vez com a presença de representantes do Fórum Permanente de Saúde no Sistema Penitenciário, do qual o CRP-RJ faz parte.
O Cine Psi Baixada acontece sempre na segunda quinta-feira de cada mês, no auditório da Subsede, que fica à rua Sebastião Herculano de Mattos nº 41, Centro, Nova Iguaçu, próxima à estação ferroviária e à sede da Cruz Vermelha na cidade. A próxima exibição acontece no dia 10 de novembro, com o filme “Zumbi Somos Nós”. Mais informações por telefone (21 2768-0007) ou e-mail ([email protected]).
