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Especialistas alertam para relação entre megaeventos e políticas de segurança


Data de Publicação: 25 de outubro de 2011


A Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, além de outros eventos, têm justificado uma série de ações questionáveis nas políticas de segurança do Rio de Janeiro e de outras partes do Brasil. Visando discutir o tema, o VII Seminário de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ) contou com a mesa “Megaeventos, choque de ordem e o controle na cidade”, realizada no último dia 20 de outubro.

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Gustavo Soninho, José Rodrigues, Hilda Correa e Mônica Alckmin debateram o tema

Mediada por José Rodrigues de Alvarenga Filho (CRP 05/36271), psicólogo, doutorando e colaborador do CRP-RJ que desenvolve estudos sobre o tema em sua carreira acadêmica, a mesa contou com Guilherme Soninho (Historiador, doutorando do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional – Ippur/UFRJ); Hilda Correa de Oliveira (Assistente Social, Mestre em Políticas Públicas – Uerj, membro da Coordenação executiva do Fórum Estadual de População de Rua) e Mônica Alckmin (Coordenadora do projeto “Se Essa Rua Fosse Minha” e integrante da Comissão Executiva do Fórum Estadual do Direito da Criança e do Adolescente).

Guilherme, que também tem estudos acadêmicos ligados ao tema, destacou que os megaeventos são associados a uma forma particular de planejamento urbano. Nesse contexto, as cidades são “negociadas”, e é retomada a idéia de flexibilização de leis e normas para que a preparação e o evento em si não sejam atrapalhados.

“Antigamente a Copa do Mundo e as Olimpíadas eram eventos usados como propaganda política. Em 1936, a Alemanha nazista fez isso com as Olimpíadas de Berlim, e em 1978 a ditadura argentina usou a Copa do Mundo como plataforma”, afirmou o historiador, destacando que o cenário atual é diferente. “Há um projeto de cidade que é colocado em prática a partir das obras e dos eventos”, complementou.

Hilda, por sua vez, destacou a situação particular da população em situação de rua, tida como “um segmento com história longa de discriminação”. Para ela, as políticas atuais apenas intensificam práticas já existentes, como o recolhimento compulsório e a tendência à criminalização dos pobres. “Aqueles que não têm dinheiro para consumir deixam de ser importantes”, avalia.

Para Mônica Alckmin, o Rio de Janeiro tenta se mostrar como “um lugar de grandes eventos”. O Protocolo do Serviço Especializado em Abordagem Social, que prevê o recolhimento compulsório de crianças e adolescentes em situação de rua, reitera posturas já adotadas em vários momentos, como a cada réveillon ou até mesmo após reclamação de moradores em relação a crianças e adultos nas ruas.

O debatedor José Rodrigues destacou o fato de as remoções de cidadãos já existirem. “O processo agora é intensificado. Tortura e extermínio se tornaram políticas públicas”, alertou. E, encerrando a mesa, o psicólogo complementou: “discutir segurança faz parte da psicologia, pois ela trabalha nessas áreas”.



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