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Criminalização da pobreza e políticas sobre drogas são debatidas no Seminário de Direitos Humanos


Data de Publicação: 25 de outubro de 2011


A relação direta entre as políticas sobre drogas e a criminalização da pobreza foi mais um tema aprofundado pelo VII Seminário de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ). Em mesa realizada no último dia 21 de outubro (sexta-feira), o público participante do evento acompanhou e participou de discussão sobre as questões ligadas a essa relação.

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Criminalização da pobreza foi debatida por Rafael Dias, Orlando Zacone, Luciana Knijnik e Renato Cinco

A mesa contou com Orlando Zaccone (Delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Mestre em Ciências Penais e doutorando em Ciências Políticas); Renato Cinco (Sociólogo, membro do Diretório Estadual e do Núcleo de Lutas Urbanas e Direitos Humanos do PSOL); e Rafael Mendonça Dias (Psicólogo – CRP-05/40094, doutorando em psicologia e representante do CRP-RJ no Conselho Estadual de Políticas Sobre Drogas do Rio de Janeiro). Luciana Knijnik (Psicóloga – CRP-07/33458, mestre em psicologia, consultora da Unesco e presidente da Comissão Regional de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul) foi a debatedora.

Antes de passar a palavra aos componentes da mesa, Luciana fomentou o debate com leituras e críticas sobre questões como a discussão sobre implantação de uma estação de metrô em Higienópolis, bairro de classe média alta da capital paulista. Na ocasião, moradores se manifestaram contra as obras, e a fala de uma psicóloga ao jornal Folha de S. Paulo se tornou símbolo das críticas: ela afirmou que “não usa metrô e não usaria”, e a construção da estação faria com que “drogados e mendigos, uma gente diferenciada” se aproximassem do bairro.

Zaccone faz parte da organização Leap (sigla para Law Enforcement Against Prohibition, ou “aplicação da lei contra proibições”, em tradução para o português). A organização pretende reduzir os inúmeros danos resultantes da guerra às drogas e diminuir a incidência de mortes, doenças, crimes e dependência, pondo fim à proibição das drogas. O delegado apresentou dados que mostram o aumento do número de mortes em ações policiais, e destacou: “hoje a política prende menos e mata mais, mas ela não foi feita para matar”.

Para Renato Cinco, a luta das autoridades contra as drogas está diretamente ligada à questão da criminalização da pobreza. “A guerra às drogas não impediu o desenvolvimento do mercado de ilícitos, muito pelo contrário. Durante a vigência desta guerra, o mercado e o tráfico se internacionalizaram”, alertou.

Rafael Dias destacou que as políticas sobre drogas e a criminalização estão diretamente ligadas a questões como a ideia de ‘cidade de negócios’ implantada em relação ao Rio de Janeiro. “É a gestão da cidade para o capital”, apontou o psicólogo. “De 2003 até hoje, houve diminuição das práticas de redução de danos”, lamentou.



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