“Acolhimento”. Esse foi o sentimento que marcou a realização da 12ª edição do Espaço Cine Psi da subsede Baixada Fluminense do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ), realizada no último dia 11 de agosto. A discussão ligada às diferentes expressões da sexualidade, fez com que participantes presentes pudessem falar sobre o tema, apesar das censuras impostas pela sociedade.
Após a exibição do filme, houve discussão sobre a temática da diversidade de expressões da sexualidade
O filme exibido na sessão foi “Minha Vida em Cor de Rosa” (“Ma vie en rose”, no título original), do diretor belga Alain Berliner. O debate pós-exibição teve relatos de experiências pessoais relacionadas ao filme, principalmente às cenas de conflito entre o protagonista, um menino que sofre grande carga de preconceito por não ser aceito como homossexual e pensa muitas vezes em fugir e até mesmo se matar.
Segundo Vanda Vasconcelos Moreira (CRP 05/6065), Celso Vergne (CRP 05/27753) e Denise Malheiro (CRP 05/18051), psicólogos e colaboradores integrantes da comissão gestora da Subsede do CRP-RJ, perceberam que os participantes, ao longo do debate, demonstraram o sentimento de acolhida proporcionado pelo Conselho. “Todos, independente de suas experiências de vida, se sentiram acolhidos pelo Conselho, sentiram que aquele era um espaço em que podiam falar sem medo, sem qualquer tipo de retaliação, censura ou restrição para relatar experiências de suas formas de expressão de existir no mundo”.
O debate, que contou com estudantes e profissionais vindos de diversas localidades, foi instigado pelo psicólogo e conselheiro do CRP-RJ Lindomar Expedito Silva Darós (CRP 05/20112); pelo psicodramatista Jorge Maurício Santa Bárbara Reis (CRP 05/10313); pela presidente do grupo Triângulo Rosa, de Belford Roxo, Ana Costa; e pelo presidente da Assocação de Gays e Amigos de Nova Iguaçu e Mesquita (Aganim), Neno Ferreira , que é integrante do conselho estadual LGBT do Rio de Janeiro.
Debate contou com a presença de profissionais e estudantes vindos de diversos locais
Além dos relatos, a conversa teve ainda análises sobre o estado atual da convivência entre a parcela da sociedade LGBT e outros grupos da sociedade. Entre os dados apontados, o alto índice de violência a homossexuais na região da Baixada foi destaque. Os participantes constataram que as campanhas de combate a homofobia promoveram melhorias na situação, de forma geral, mas que ainda há muito a ser feito em relação ao convívio de cidadãos LGBT com grupos como os religiosos, nas escolas ou até mesmo na própria família, em alguns casos.
Durante a discussão, foi citado o programa da Prefeitura do Rio de Janeiro para inclusão social da parcela LGBT da população. Apesar de reconhecer a importância e a efetividade do programa “Rio sem Homofobia”, os participantes lembraram que é necessário estabelecer mais espaços para debates, visando dar continuidade à conquista de melhoria das condições de vida dessa população, com destaque para o combate à violência, discriminação e preconceito.
O espaço Cine Psi Baixada tem sessões mensais, sempre na segunda quinta-feira do mês. Os filmes são exibidos no auditório da subsede Baixada Fluminense do CRP-RJ, na Rua Sebastião Herculano de Mattos, 41, centro de Nova Iguaçu (próxima ao antigo Fórum, à Cruz Vermelha e à estação Nova Iguaçu da Supervia). A próxima edição está marcada para 8 de setembro, com o documentário “Estamira”, que conta a história de uma catadora de lixo chamada Estamira Gomes de Souza e que se tornou símbolo das lutas na temática da saúde mental. Ela morreu no último dia 28 de julho.
