O ano temático da avaliação psicológica não foi esquecido na 5ª Mostra Regional de Práticas em Psicologia do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ). O tema foi abordado durante uma mesa temática, que contou com a participação de Adriana de Lacerda Amaral Miranda (CRP 05/26267), que atua nos times de futebol de base do Flamengo e na seleção brasileira de nado sincronizado; Priscila Gomes Bastos (CRP 05/33804), psicóloga que trabalha com psicologia no trânsito; e Lindomar Expedito Silva Darós (CRP 05/20112), psicólogo do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e Conselheiro do CRP-RJ.

Adriana trabalha com atletas no Flamengo e na seleção brasileira de nado sincronizado
Adriana, que se surpreendeu com o fato de ser a única psicóloga do esporte no auditório da Universidade Veiga de Almeida (UVA) que recebeu o evento, contou detalhes de sua rotina. A psicóloga explicou que sua atuação junto aos atletas inclui observação sistemática e assistemática de treinos e partidas, anamneses entre os treinos, testes e elaboração de diagnósticos, entre outras atividades.
Em seu dia a dia, Adriana lida com situações como as famosas “panelinhas” dentro de grupos de jogadores. Além disso, há atletas retraídos ou com problemas familiares que necessitam de acompanhamento especial, embora sua equipe não seja responsável por tratamento clínico. Segundo a psicóloga, “os instrumentos de avaliação psicológica no esporte devem ser considerados partes do processo continuado de psicodiagnóstico, envolvendo diferentes procedimentos”.

Priscila lembrou que muitas pessoas dependem das avaliações psicológicas do Detran para poder trabalhar
Priscila, que é colaboradora do CRP-RJ disse que o Grupo de Trabalho (GT) de Avaliação Psicológica do Conselho tem possibilitado o desenvolvimento de trabalho mais ético. Ela explica que a avaliação psicológica é realizada pelas entidades que gerenciam o trânsito com o objetivo de evitar acidentes, mas nem sempre o resultado pode ser considerado justo. “Na maior parte das vezes fazemos testagens, não avaliação”, pondera.
A psicóloga conta que muitas das pessoas que se apresentam para fazer os exames necessários para renovação ou primeira habilitação já sabem quais testes vão realizar, já que as informações estão disponíveis na internet. “Com isso, pessoas que vêm das classes mais baixas e realmente dependem do documento para trabalhar têm menos chances de ser aprovadas que as pessoas de classe mais alta”, lamenta.
Lindomar, por sua vez, iniciou sua participação no debate dizendo que não considera “que haja uma psicologia jurídica, e sim o exercício da psicologia na relação com o direito”. O conselheiro lembrou ainda que “não é possível fazer um diagnóstico como uma máquina de tomografia, e não dá para avaliar o outro sem ao menos fazer uma análise da demanda”, destacando, assim, que não há instrumentos psicológicos que possam desvelar o outro.