A interação foi uma das principais marcas da 5ª Mostra Regional de Práticas em Psicologia, organizada pelo Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ). Estudantes e profissionais participaram ativamente de debates, rodas de conversa, mesas redondas e outras atividades, mas foram as oficinas realizadas que comprovaram que a participação de todos é fundamental em um evento como esse.
Em uma das oficinas, a psicóloga Renata Cristian de Sá Oliveira (CRP 05/36073) apresentou o tema “Em si existe um outro”. O trabalho foi desenvolvido por meio de uma experimentação teatral, que tinha como objetivo fazer com que os participantes se despissem de seus “rótulos”, fazendo as vezes de outras pessoas.
“Em cena, o ator é quem é preciso ser. Ele se posiciona em um caráter antitético, porque pode interpretar algo que não é”, explicou a professora, que propôs um exercício curioso: os participantes deveriam criar um idioma. Falando essa nova língua em voz alta, eles teriam que andar pela sala movimentando o corpo em sincronia com o que diziam. “É o momento de trabalhar o diálogo entre o corpo e a mente”, explicou.
Depois, em duplas, um participante falou na sua própria língua, enquanto outro tentaria traduzir. O momento gerou muitas reflexões positivas no final. A psicóloga e conselheira do CRP-RJ Ana Carla Souza Silveira da Silva (CRP 05/18427) destacou a parte da interpretação. “Às vezes é difícil se fazer compreender. Eu queria mudar de assunto, mas ele [o tradutor] não entendia. Em outros momentos, ele traduzia melhor do que eu poderia explicar se estivesse falando português”.
“O psicólogo deve romper divisões. O principal intuito dessa oficina é a relação entre ‘o eu’ e ‘o outro’”, aponta Renata, que é diretora da companhia teatral “Os Nômades”, que apresentou a peça “O Universo das coisas” também durante a Mostra, destacando a relação entre o homem e as máquinas.
Em outra oficina, “A Corporeidade da Palavra”, ministrada pela psicóloga Catarina Maria da Silva Resende (CRP05/12499), foi discutida a importância da palavra na clínica. Catarina destacou a dimensão terapêutica do movimento e da palavra, não só como significante, mas como algo material, que tem influência sobre o organismo. “Não só a palavra falada, mas também escrita, influencia de forma diferente, atuando em diferentes campos motores e psicológicos”, afirma.
A psicóloga explica que cada participante percebe a atividade, as palavras e o movimento de uma forma diferente. A oficina em questão não tem público específico, já que a efetividade das palavras depende da vontade de seus participantes. Catarina lembra ainda que recursos lúdicos são utilizados para ajudar na adaptação dos participantes ao método, visando fazer com que todos os participantes sintam-se confortáveis.
“A ideia é descobrir na dança elementos que nos forçam a sensibilizar o corpo para nos sensibilizarmos com o outro. O nome da oficina vem pelo fato de que a palavra é recurso em grande parte das nossas atuações”, explica a psicóloga, que destacou ainda que a dança não é a única forma de expressão corporal.