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Movimento Antimanicomial tem dia de festa e luta na Cinelândia


Data de Publicação: 20 de maio de 2011


O mestre-sala e a porta bandeira do bloco 'Tá pirando, pirado, pirou!'

O mestre-sala e a porta bandeira do bloco ‘Tá pirando, pirado, pirou!’

Todos os dias, a Cinêlandia é local de trânsito para os milhares de turistas e moradores do Rio. Acostumados a protestos confusos junto à Câmara dos Deputados e ao Theatro Municipal, muitos dos que passaram por lá na tarde da última quarta-feira, dia 18, se surpreenderam com a animação. Celebrado desde 1987, o dia da luta antimanicomial foi marcado por uma tarde com muita música e alegria, em evento organizado por uma parceria de diversas entidades, entre elas o Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ) e o Núcleo Estadual da Luta Antimanicomial do Rio de Janeiro. O objetivo era chamar atenção da sociedade e dos políticos

O livro 'Felicidade',de Paulo César Machado, do CAPs UERJ

O livro ‘Felicidade’,de Paulo César Machado, do CAPs UERJ

para uma reforma psiquiátrica mais abrangente – que não se limita apenas a rede de assistência, mas pretende ocupar toda a cidade – e pelo reconhecimento do potencial profissional dos usuários do sistema.

Ao redor do palco, dezenas de barracas vendiam chaveiros, panos de prato, cadernos e outros artigos produzidos por usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) do Estado. Dentre eles, estava a bailarina cor de cobre criada por Rosalva Cardoso com técnicas de papel machê. Usuária da unidade Simão Bacamarte, no Engenho de Dentro, Rosalva faz parte do projeto “Éfeito de Papel”, apoiado pela ONG Instituto 3-movimento_antimanicomial_tem_dia_de_festa_e_luta_na_cinelandia06Franco Basaglia. O projeto visa incentivar o desenvolvimento artístico dos usuários para geração de renda. “Eu amo fazer arte! Não consigo ficar parada, então eu fico toda hora criando alguma coisa. Outro dia estava em casa e resolvi fazer um elefante com bola de encher. Ficou lindo!”, contou Rosalva, animada.

Enquanto ela descrevia suas novas criações, subiam ao palco atrações musicais, como o grupo Loco Samba, criado também na unidade do Engenho de Dentro. Canções como “Deixa a Vida me Levar”, que ficou conhecida na voz de Zeca Pagodinho, e “Trem das Onze”, de Adoniran Barbosa

Os Cancioneiros do IPUB animaram o evento

Os Cancioneiros do IPUB animaram o evento

e dos eternos Demônios da Garoa, empolgaram quem participava do Ato. Houve espaço ainda para os Cancioneiros do Ipub, grupo formado há 15 anos por usuários do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que abriu sua empolgante apresentação com os primeiros acordes de “The Wall”, sucesso dos roqueiros britânicos do Pink Floyd no final dos anos 1970.

Na barraca do CAPS da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Paulo Sérgio dos Santos Machado exibia com orgulho o livro “Felicidade”, escrito por ele e

Um tanto quanto caracterizados, a CIA Velha tocou grandes sucessos como ABC, do Jackson 5

Um tanto quanto caracterizados, a CIA Velha tocou grandes sucessos como ABC, do Jackson 5

que serviu, segundo suas palavras, para “colocar os pensamentos em ordem”. A obra é um relato de “coisas boas para se pensar na vida”.

A psicóloga Vera Pazos, da secretaria de Estado de Trabalho e Renda, destacou a importância do ato público cultural. “Neste ano, comemoramos 10 anos do Núcleo de Saúde Mental e Trabalho do Rio de Janeiro (Nusamt), e é a primeira vez que participamos publicamente da luta. A secretaria apoia esta causa. Queremos mostrar que a pessoa com transtornos mentais pode e deve ser inserida no mercado formal de trabalho”, disse.

Rosalva Cardoso exibe, orgulhosa, pano de prato pintado por ela

Rosalva Cardoso exibe, orgulhosa, pano de prato pintado por ela

A psicóloga Beatriz Adura (CRP 05/34879), militante do movimento antimanicomial e assessora técnica do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas do CRP-RJ (Crepop), afirmou que “é preciso que haja uma mudança no pensamento da sociedade. Vamos continuar na luta contra os manicômios! Não vamos deixar as Organizações Sociais acabarem com o nosso sonho!”, disse, antes de ser aplaudida.

O evento continuou com a leitura de poesias, pinturas feitas na hora, intervenções teatrais e mais música. Tudo isso produzido pelos usuários, trabalhadores e militantes do movimento antimanicomial. Já ao cair da noite, a banda Cia. Velha agitou a praça – naquele momento ainda mais cheia por conta da presença das pessoas que deixavam os escritórios do centro da cidade – com músicas como “ABC”, do Jackson 5,

banda que revelou ao mundo o talento da família Jackson, incluindo seu filho mais ilustre, Michael. A despedida ficou a cargo do bloco carnavalesco “Tá pirando, pirado, pirou” e do projeto “Loucura Suburbana”, idealizado no Instituto Philippe Pinel, que desfilam antes do Carnaval e fazem apresentações durante todo o ano.



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