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Assembleia decide ações em relação a tragédias


Data de Publicação: 8 de fevereiro de 2011


Com a presença dezenas de psicólogos, a assembleia realizada na última sexta-feira (4 de fevereiro) pelo Conselho Regional de Psicologia (CRP-RJ) no Campus Maracanã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ajudou a definir a atuação na resposta aos desastres como as chuvas que atingiram a Região Serrana do estado em janeiro, o que foi potencializado devido à falta de políticas públicas sérias em relação à ocupação do solo e de assistência a população pauperizada.

CRPRJ

Entre os pontos elencados, estão a necessidade de pensar no cuidado das pessoas que estão no front dos trabalhos junto aos sobreviventes, que também sofrem com uma rotina mental e fisicamente desgastante. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) – que esteve representado na assembleia – propôs a realização de oficinas para troca de experiências com os profissionais de psicologia que estão trabalhando na Região Serrana.

“O CRP-RJ não se resume a seus 30 conselheiros, ele é formado pelos 40 mil profissionais do estado. A gente está tentando transformá-lo em um lugar democrático, e respeitamos as propostas da comissão gestora da Subsede da Região Serrana. Este é um momento fundamental, é uma grande oportunidade para pensarmos os caminhos da psicologia”, disse a conselheira-presidente do CRP-RJ, Lygia Santa Maria Ayres (CRP 05/1832).

O CFP sugeriu ainda que um manifesto do Sistema Conselhos sobre emergências e desastres seja ampliado e passe a circular entre outras entidades da psicologia em todo o país. O Conselho Federal, o CRP-RJ e a Rede de Cuidados da Região Serrana trabalharão juntos para seguir atendendo às demandas dos locais mais castigados pelas chuvas, no intuito de contribuir na articulação dos atores que atuam na atenção aos sobreviventes.

A diferença entre “voluntarismo” e “voluntariado” foi o foco de parte do debate entre os profissionais envolvidos na assembleia. O objetivo é deixar bem claro que há distinção entre ambos, e fazer com que o voluntarismo não seja prejudicial no atendimento às pessoas atingidas. Foi ainda colocado em análise a diferença crucial que há entre o voluntariado em momentos de catástrofes como o presente e a instituição do voluntariado com substitutivo de políticas públicas, desenvolvidas pelo Estado, com profissionais, através de vínculos sólidos de contratos de trabalho.

Foi também discutida a possibilidade de trabalhos em grupo com os sobreviventes, sem se perder de vistas as singularidades do sujeito, o que, por vezes, faz-se necessário atendimentos individuais.

A assembleia também determinou que o CRP-RJ irá lutar para que o poder público “não se esqueça” desses sobreviventes e os trabalhos não sejam paliativos, ou seja, que tenham continuidade, inclusive com a reconstrução dos municípios assolados na presente tragédia, à semelhança do ocorrido com os sobreviventes do Morro do Bumba, em Niterói. Também serão cobradas a implementação do Sistema Único de Assistência Social (Suas), do Ministério de Desenvolvimento Social, e a contratação temporária de profissionais para momentos de tragédias anunciadas, como o que neste momento assola a Região Serrana do Rio de Janeiro.

Foi prevista uma agenda de encontros para voltar a abordar a questão entre os profissionais da área e a convocação da sociedade civil organizada para discutir e apresentar soluções e propostas para a situação, mas sem esquecer os sobreviventes que deverão ter voz no processo de reconstrução de suas cidades, apoiando a criação de um fórum de discussão junto a outras instituições ligadas à região. A comunidade acadêmica também será importante, pois o desenvolvimento de pesquisas, relatórios e documentos mostra-se fundamental.

 



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