Profissionais de diferentes pontos do Estado (principalmente da Região Serrana) que participaram da assembléia realizada pelo CRP-RJ na última sexta-feira destacaram a importância de a categoria debater o tema para que possa colaborar da melhor forma possível, auxiliando na busca por propiciar que os sujeitos participem das tomadas de decisões que afetam suas vidas.

Segundo Carla Silva Barbosa (CRP 05/29635), psicóloga conselheira do CRP-RJ e presidente da Comissão de Orientação e Ética, vivenciar essa devastação do cotidiano em virtude da tragédia faz com que os sobreviventes percam referências de todas as ordens. Aponta, ainda, que a inclusão da psicologia nesse contexto de “Emergências e Desastres” pode falar de uma defesa da existência, contrapondo a lógica da subsistência embutida nessas situações.

”Em Águas Claras, distrito de São José do Vale do Rio Preto, não há abrigos, as pessoas foram acolhidas nas casas de amigos e parentes. Fomos ao centro de recebimento e distribuição de donativos e quando perguntamos sobre as necessidades mais preementes, uma menina, de uns quatro anos de idade, que acompanhava a avó voluntária na organização e distribuição das doações, respondeu: ‘tia você não tem um batom?’”, exemplifica Carla Barbosa.

Para a psicóloga Cláudia Quintanilha (CRP 05/14327), de Nova Friburgo, a simples realização do evento já é um motivo de alívio, pois mostra que as iniciativas em defesa dos sobreviventes das chuvas estão sendo fortalecidas. Para ela, o Conselho precisa se firmar e exigir do poder público uma atuação real.

“É preciso esclarecer para a mídia quais são as iniciativas do CRP, e diferenciá-las das medidas governamentais. A minha preocupação é com o governo se aproveitando dos voluntários, tendo o respaldo dos meios de comunicação”, apontou a psicóloga.

A psicóloga carioca Carla Helena Ferreira (CRP 05/34616), que se mudou para Teresópolis cerca de um mês antes do ocorrido, ressaltou a importância da assembléia para o direcionamento do CRP e a organização da classe profissional. Carla também ficou satisfeita com a possibilidade de fazer contato com outros psicólogos da Região Serrana e acredita que a reunião foi um estímulo para seguir trabalhando em um momento tão delicado.

A avaliação geral do evento foi bastante positiva, e a quantidade de pessoas presentes (cerca de 50) provou não apenas a importância do tema a ser discutido, mas também a preocupação do CRP-RJ e de toda a categoria profissional com o devido atendimento aos sobreviventes das chuvas na Região Serrana.