auto_awesome

Noticias






CRP assina manifesto contra processos de medicalização da vida


Data de Publicação: 23 de novembro de 2010


O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ) participou, nos últimos dias 11, 12 e 13, da criação do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, que visa articular entidades, grupos e pessoas para enfrentar o fenômeno contemporâneo da medicalização, mobilizando a sociedade para a crítica a esse processo na aprendizagem e no comportamento humano.

Representado pelas conselheiras Helena Rego Monteiro e Giovanna Marafon, o CRP-RJ marcou presença nos debates do I Seminário Internacional sobre a Educação Medicalizada: Dislexia, TDAH e Outros Supostos Transtornos, realizado em São Paulo, onde foi acertada a criação do Manifesto que lançou o Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade. Os interessados em assinar o manifesto devem acessar o site.

Helena destacou que o evento foi muito importante para potencializar as discussões produzidas há alguns anos no Rio de Janeiro e compartilhar discussões com pessoas de outros estados do Brasil e até do exterior. “O combate à medicalização da vida escolar já é o alvo de nossas ações desde 2006, na Comissão de Direitos Humanos do CRP do Rio. Desde então já vínhamos articulando o movimento regionalmente, e tínhamos feito alguns contatos com profissionais de São Paulo. Alguns vieram fazer palestras, como a psicóloga Adriana Marcondes e a médica Maria Aparecida Moysés”, aponta Helena.

Destacando a presença de palestrantes internacionais no Seminário, como Peter Conrad, da Brandeis University, de Boston (EUA), Helena explica que o Fórum trabalhará para fazer com que os estudos e projetos ligados ao tema cheguem a um grande número de pessoas. “Vai haver um site para congregar todas as informações, todo o material acadêmico que já foi produzido com esse olhar de enfrentamento à medicalização”.

A conselheira lembra ainda que o debate não se resume ao Sistema Conselhos de Psicologia e aos psicólogos. “Nossa maior surpresa no evento foi ter conseguido, após três dias, aprovar em plenária, em um auditório lotado, o Manifesto de Lançamento do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade e lançar o Fórum que vai ampliar o debate. O indicativo é de que cada estado produza um debate em âmbito regional e que a gente possa implementar várias ações no combate as forças que controlam e aprisionam a vida”, afirma.

Para Giovanna Marafon, a luta contra a medicalização não é fácil, mas o Fórum Nacional lançado em São Paulo pode ser um importante aliado para combater o que ela diz ser “um movimento que está a serviço do biopoder”. “A medicalização e a judicialização da vida são movimentos que a gente tem que enfrentar no cotidiano, apresentar outras saídas, outras possibilidades de enfrentamento. Fazer discussões, trazer eventos aqui para nossa região, publicar material que a gente já elaborou em nossas discussões, e outros que certamente vamos elaborar. Dar a máxima visibilidade ao conteúdo do Manifesto e ao Fórum. É isso que temos que fazer agora”, explica.

Outro ponto importante, segundo as conselheiras do CRP-RJ, é um tema que começou há pouco a ser discutido: a articulação entre os processos de medicalização e judicialização da vida, cada vez mais presentes no ambiente escolar. “A gente percebe, nas discussões aqui no Rio, que há um agenciamento entre medicalização e judicialização, como processos que caminham juntos e se alimentam para o aprisionamento e controle da vida. Por exemplo, o bullying, tem um atravessamento de medicalização, por haver, de antemão, o enquadre num diagnóstico, e também orientações e encaminhamentos punitivos, que se realizam, muitas vezes, via sistema de justiça, identificando supostas vítimas e supostos agressores”, alerta Giovanna.