O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ), o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e a Rede de Cuidados da Região Serrana trabalham juntos para dar a melhor resposta possível à tragédia das chuvas que assolaram a Região Serrana do Rio de Janeiro. A intenção é prestar assistência não apenas neste primeiro momento – o que já tem sido feito – como também elaborar planos para ações nas próximas semanas e meses.
Em reunião na última sexta-feira (21 de janeiro), conselheiros do CRP-RJ e do CFP decidiram que continuarão apoiando os trabalhos que já vêm sendo desenvolvidos nas regiões afetadas. Além de recolhimento de donativos, o que já tem sido feito pela sede do CRP-RJ e por sua subsede da Região Serrana (em Petrópolis), serão reforçadas as discussões sobre acolhimento, cuidados e o trabalho do profissional psicológico voluntário em abrigos de pessoas que ficaram sem suas casas nessa região.
A Rede de Cuidados da Região Serrana RJ/Psicologia das Emergências e dos Desastres, com o apoio do CRP-RJ, continuará trabalhando no mapeamento da região. Esse trabalho específico, que tem sido desenvolvido em parceria com a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) tem como objetivo mapear as necessidades específicas de cada comunidade.
“Sou da Região Serrana e conheço a situação. Embora já estejamos acostumados a problemas com as chuvas todos os anos, desta vez a situação é muito pior. É uma calamidade, uma coisa muito difícil de lidar”, lamenta Samira Younes Ibrahim (CRP 05/7923), Conselheira do XIII Plenário do CRPRJ e integrante da Comissão Gestora da Subsede Região Serrana do CRP-RJ.
Outras ações já foram pensadas para que as vítimas sigam recebendo atenção necessária depois que diminuir a movimentação de voluntários e a cobertura da mídia sobre o assunto, além de tentar prevenir catástrofes semelhantes no futuro. O Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres (NEPED) da Universidade Federal de São Carlos-SP, principal grupo de pesquisas sobre o tema no país, fará um diagnóstico da área.
“Os meteorologistas preveem que a quantidade de chuva não vai aumentar, mas a precipitação ficará cada vez mais concentrada em poucos dias do ano, o que trará chuvas mais fortes”, explica Norma Valencio, coordenadora do NEPED, que lembra que, com o passar do tempo, a situação pode até ficar mais difícil para as vítimas, já que o ritmo de doações tende a diminuir.
Duas reuniões devem ser confirmadas nos próximos dias. A primeira delas pretende reunir órgãos públicos, ONGs e outras instituições para articular trabalho conjunto. Em outra, voluntários que desejam trabalhar na Região Serrana.
Outro objetivo é articulação para fazer com que os gestores públicos sejam responsabilizados pelas conseqüências da tragédia e que assuma, gradativamente, as rédeas do trabalho para lidar com os sobreviventes. Também será elaborado documento sobre a situação atual de sobreviventes de desastres anteriores que estão esquecidos pela mídia e pelo poder público (como no Morro do Bumba, em Niterói, que desabou nas chuvas de abril de 2010).