Com participação de mais de 100 pessoas, ocorreu, no dia 18 de agosto, em Petrópolis, o II Seminário da Rede de Cuidados da Região Serrana-RJ, promovido pela Comissão Gestora da Região Serrana do CRP-RJ. O evento teve como finalidade dar visibilidade à Rede de Cuidados, destacando a importância crescente que a Psicologia das Emergências e dos Desastres vem adquirindo. A proposta da Rede de Cuidados considera, para seu trabalho, as ocorrências geoclimáticas, as epidemias, as contaminações, as diversas agressões ao meio ambiente e às espécies, entre outras.

Na mesa de abertura, o conselheiro-presidente do CRP-RJ, José Novaes (CRP 05/980), saudou a iniciativa da Comissão Gestora e ressaltou a importância da forma como o II Seminário foi concebido. “Observando a programação do evento, achei interessante como ela rompe com a lógica dos especialismos, com destaque para a interdisciplinaridade, o incentivo ao diálogo entre os saberes. E isso é fundamental porque o profissional psicólogo que atua nas emergências e nos desastres é antes de tudo psicólogo, independente da sua forma de atuação”.

A conselheira-coordenadora da Comissão Gestora, Samira Younes Ibrahim (CRP 05/7923), agradeceu as parcerias que foram firmadas a partir do I Seminário, ocorrido em 2008. A conselheira ressaltou ainda as principais ações da Comissão Gestora para a Região Serrana.

“Assumimos a Comissão Gestora da subsede no começo de 2009 e, de lá para cá, a Rede de Cuidados é uma semente que estamos plantando e construindo. Iniciamos esse trabalho no ano passado, sensibilizando os municípios para a importância da participação na Rede”, afirmou. “Entendemos que a presença de representantes de13 municípios aqui no Seminário é uma calorosa resposta a esta sensibilização”.

Samira falou também sobre os principais problemas que afetam a região. “Ao longo do nosso trabalho, o que observamos em comum nos municípios da região são deslizamentos, enchentes, queimadas e depósito de lixo a céu aberto. Um dos objetivos da Rede é trabalhar a importância do cuidado consigo, com o outro e com o meio ambiente. O profissional que atua nesse campo não pode ser enquadrado em especialismos. Isso não dá conta”, declarou.  “Vamos aproveitar este Seminário para refletir sobre nossa interconexão com as situações de emergências e desastres que têm acontecido no planeta, o que cada um pode fazer a partir do lugar em que está nesse momento: de sua profissão, do local onde trabalha, do setor etc., sem necessariamente precisar ir para a linha de frente. Começar onde você está”.

Em seguida, foi dado inicio à primeira mesa, O trabalho da Defesa Civil em Emergências e Desastres, da qual participaram o coronel Carlos de Paula, da Defesa Civil de Petrópolis, o subsecretário de Defesa Civil de Angra dos Reis, José Carlos Lucas da Costa, e o secretário da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e da Secretaria de Trabalho, Assistência Social e Cidadania de Petrópolis, Luis Eduardo Moreira Peixoto.

O coronel Carlos de Paula saudou as ações do CRP-RJ no campo da Psicologia das Emergências e dos Desastres. “O Conselho tem dado bastante atenção ao tema e isso é extremamente importante. Quem tem a agradecer é a população atingida”.

Ele falou sobre a atuação da Defesa Civil no socorro às pessoas atingidas pelas situações de emergências e desastres e lembrou da necessidade de se desenvolverem trabalhos de prevenção a estas situações. “A cultura preventiva deve ser divulgada e difundida para evitar o maior número de mortes possível quando o desastre acontecer, até porque os desastres vão ocorrer de qualquer forma. O que temos que fazer é um trabalho amplo de esclarecimento para a população afetada para que ela própria se prepare para o desastre”.

Luis Eduardo também abordou a importância do trabalho de prevenção nos municípios atingidos por desastres naturais. “A prevenção é sempre o melhor remédio, em qualquer situação. Para quem não sabe, Petrópolis é a cidade recordista em mortes provocadas por acidentes naturais porque as pessoas não estão acostumadas a antecipar ações possíveis para trabalhar na prevenção de desastres”.

No entanto, o secretário destacou que estão sendo tomadas iniciativas para inverter essa cultura que privilegia a ação em detrimento a prevenção. Segundo ele, “temos conseguido mudar essa história, desenvolvendo trabalhos em parceria com o CRP-RJ e a Defesa Civil, e entre as secretarias municipais. É a partir dessas ações conjuntas que temos mudado essa realidade aqui em Petrópolis”.

José Carlos Lucas, por sua vez, explicou como têm se dado as intervenções da Defesa Civil em Angra e como o órgão lida com as ocorrências de desastres naturais. De acordo com o subsecretário, os esforços da equipe em Angra têm se concentrado na prevenção aos desastres.

“Não trabalhamos para evitar que a catástrofe aconteça, mas justamente para tentar diminuir essas ocorrências e amenizar seus impactos sobre a população. Mas, uma vez que elas acontecem, nossa tarefa é operar um trabalho de defesa e restabelecimento da normalidade social”, ponderou.

Durante o debate entre a mesa e os participantes, foram apontadas questões como o cuidado com a saúde do profissional que atua nas Emergências e nos Desastres e a forma a partir da qual pode se dar a inserção do trabalho do psicólogo e do assistente social na Defesa Civil.

Veja abaixo como foram as demais discussões do Seminário:

• Saberes nas emergências e nos desastres e a formação do psicólogo
• Atuação psicólogo no campo das Emergências e Desastres
• Questões ambientais e as ações do CRP-RJ nas emergências e nos desastres

24 de agosto de 2010